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MÚSICA
Maria Rita se entrega ao samba e à sensualidade
Cantora optou por divulgação discreta e diz que antes era muito "protegida'
"Criou-se uma redoma à minha volta: tem que pensar muito em tudo, a entrevista que vai dar, 15 pessoas em volta", lembra
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
O título "Samba Meu", copiado da faixa de abertura, já indica que o CD de sambas de Maria Rita é um projeto bem pessoal, sem que ela tenha, segundo diz, "a menor pretensão de
ser sambista". Mas seu terceiro
disco tem um significado ainda
mais particular se posto como
contraponto aos outros dois, o
megasucesso "Maria Rita" (840
mil cópias) e o ansiado pós-megasucesso "Segundo" (200 mil).
"["Samba Meu'] é uma boníssima oportunidade de dar uma
desengessada, porque eu vinha
cercada de uma imagem que
não corresponde em nada com
o que eu sou no dia-a-dia.
Criou-se uma redoma à minha
volta: tem que pensar muito em
tudo, a entrevista que vai dar, o
que vai dizer, 15 pessoas em
volta, a diva intocável, a chata
insuportável. Ficou desgastante para mim, que faço compras
de chinelo", diz a cantora.
Ela diz que a superproteção
foi uma medida tomada conscientemente na época do primeiro disco, lançado em 2003.
"Era um lançamento cheio de
ganchos: "a filha do", "a filha da",
"a irmã de", "a que morou fora",
"a que cantou tarde". Eu precisei
ser protegida. Mas venho tentando, com muito custo e paciência, dissipar essa imagem."
Se havia algum desejo seu
neste sentido no lançamento
de "Segundo", em 2005, ele
morreu no nascimento. A Warner, sua gravadora, montou na
época um grande esquema de
marketing e divulgação, cometendo o deslize ético de oferecer iPods a jornalistas -um
"mal-entendido", como a cantora diz com alguma ironia.
O tiro marqueteiro saiu pela
culatra e gerou felizes conseqüências para o terceiro CD. As
entrevistas de "Samba Meu" foram realizadas anteontem, numa casa de samba do centro do
Rio, com a presença de apenas
três pessoas do estafe. Perfeito
para quem afirma estar procurando dissociar vida pessoal e
profissional, após se tornar alvo de paparazzi e comentários
sobre quem namorava.
"[A superexposição] Me incomodou demais. Não falo da
vida de ninguém, não exponho
ninguém, e minha vida começou a ficar exposta de uma forma altamente prejudicial e negativa. Nem parti pra ignorância, porque pioraria. Mas há essa necessidade de separação
entre carreira e vida. Pelo meu
bem, do meu filho, da minha família, dos meus amigos."
Diferente de Elis
O fato de se sentir "pé no
chão", expressão tão cara ao
universo do samba, embasou
sua aposta num CD todo dedicado ao gênero. O samba, segundo ela, está presente em toda a sua vida. Mas foram nos últimos três anos, conduzida
principalmente pelo cantor,
compositor, músico e produtor
Leandro Sapucahy, que ela passou a freqüentar casas de samba e a conhecer compositores.
Desses predominou o carioca
Arlindo Cruz, autor de seis das
14 faixas, algumas com letras
sensuais. "Você acha que eu teria coragem de gravar isso há
cinco anos? Claro que não. É
que estou mais confortável comigo mesma", diz.
Tão confortável que acredita
não haver mais qualquer mistura, da parte de imprensa e de
público, da sua carreira com a
de Elis Regina. "Tenho muito
orgulho da minha mãe, ao contrário do que já vi publicado.
Mas, se há semelhanças naturais, também há diferenças que
já ficaram claras", afirma.
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