São Paulo, sexta-feira, 14 de setembro de 2007

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MÚSICA

Maria Rita se entrega ao samba e à sensualidade

Cantora optou por divulgação discreta e diz que antes era muito "protegida'

"Criou-se uma redoma à minha volta: tem que pensar muito em tudo, a entrevista que vai dar, 15 pessoas em volta", lembra

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

O título "Samba Meu", copiado da faixa de abertura, já indica que o CD de sambas de Maria Rita é um projeto bem pessoal, sem que ela tenha, segundo diz, "a menor pretensão de ser sambista". Mas seu terceiro disco tem um significado ainda mais particular se posto como contraponto aos outros dois, o megasucesso "Maria Rita" (840 mil cópias) e o ansiado pós-megasucesso "Segundo" (200 mil).
"["Samba Meu'] é uma boníssima oportunidade de dar uma desengessada, porque eu vinha cercada de uma imagem que não corresponde em nada com o que eu sou no dia-a-dia. Criou-se uma redoma à minha volta: tem que pensar muito em tudo, a entrevista que vai dar, o que vai dizer, 15 pessoas em volta, a diva intocável, a chata insuportável. Ficou desgastante para mim, que faço compras de chinelo", diz a cantora.
Ela diz que a superproteção foi uma medida tomada conscientemente na época do primeiro disco, lançado em 2003. "Era um lançamento cheio de ganchos: "a filha do", "a filha da", "a irmã de", "a que morou fora", "a que cantou tarde". Eu precisei ser protegida. Mas venho tentando, com muito custo e paciência, dissipar essa imagem."
Se havia algum desejo seu neste sentido no lançamento de "Segundo", em 2005, ele morreu no nascimento. A Warner, sua gravadora, montou na época um grande esquema de marketing e divulgação, cometendo o deslize ético de oferecer iPods a jornalistas -um "mal-entendido", como a cantora diz com alguma ironia.
O tiro marqueteiro saiu pela culatra e gerou felizes conseqüências para o terceiro CD. As entrevistas de "Samba Meu" foram realizadas anteontem, numa casa de samba do centro do Rio, com a presença de apenas três pessoas do estafe. Perfeito para quem afirma estar procurando dissociar vida pessoal e profissional, após se tornar alvo de paparazzi e comentários sobre quem namorava.
"[A superexposição] Me incomodou demais. Não falo da vida de ninguém, não exponho ninguém, e minha vida começou a ficar exposta de uma forma altamente prejudicial e negativa. Nem parti pra ignorância, porque pioraria. Mas há essa necessidade de separação entre carreira e vida. Pelo meu bem, do meu filho, da minha família, dos meus amigos."

Diferente de Elis
O fato de se sentir "pé no chão", expressão tão cara ao universo do samba, embasou sua aposta num CD todo dedicado ao gênero. O samba, segundo ela, está presente em toda a sua vida. Mas foram nos últimos três anos, conduzida principalmente pelo cantor, compositor, músico e produtor Leandro Sapucahy, que ela passou a freqüentar casas de samba e a conhecer compositores.
Desses predominou o carioca Arlindo Cruz, autor de seis das 14 faixas, algumas com letras sensuais. "Você acha que eu teria coragem de gravar isso há cinco anos? Claro que não. É que estou mais confortável comigo mesma", diz.
Tão confortável que acredita não haver mais qualquer mistura, da parte de imprensa e de público, da sua carreira com a de Elis Regina. "Tenho muito orgulho da minha mãe, ao contrário do que já vi publicado. Mas, se há semelhanças naturais, também há diferenças que já ficaram claras", afirma.


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