São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2011

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Brasilidade caricata marca Miss Universo

Produção apostou em Carnaval e samba para fazer evento com clima de Copa do Mundo

NINA LEMOS
DE SÃO PAULO

"Venezuela, Venezuela." Na plateia, os gritos das torcidas fazem barulho. No palco, dançarinos apresentam coreografias inspiradas no Brasil, e o cenário ganha tons de floresta.
Essa é a primeira vez que um concurso de Miss Universo acontece no país. E a produção do evento, americana, capricha para deixar o show "bem brasileiro".
Quem esteve na noite de segunda-feira no Credicard Hall, onde aconteceu o evento, transmitido ao vivo pela Band, percebeu que o concurso de miss, apesar de não ter o glamour dos anos 60, continua sendo coisa séria.
A tensão aumenta na plateia, onde o clima é de Copa do Mundo. Bandeiras da Índia, da Bolívia, do México e, principalmente, da Venezuela (país que hoje tem maior "tradição" de misses) são sacudidas com paixão.
"Ela não vai entrar", murmura o piloto venezuelano Alberto Ortega, com cara de choro, agarrado a uma bandeira de seus país. Alberto veio passar quatro dias no Brasil só pelo concurso. "Em meu país, isso é muito importante", ele diz, sério.
Ninguém presta muita atenção nos shows, protagonizados por Claudia Leitte e Bebel Gilberto. As duas seguem o clima e mostram um Brasil para "gringo ver".
Claudia Leitte canta em inglês, cercada por bailarinos negros. E a musa "cool" Bebel Gilberto só arranca aplausos quando seus dançarinos, vestidos de "malandros", dão um show de samba.
Carnaval. Samba. Bossa nova. Biquíni. Essas são as alusões feitas ao Brasil. Mais caricato, impossível. Mas a plateia não liga. O que vale é acompanhar as misses.
Com a miss Venezuela fora, a torcida passa para Leila Lopes, a miss Angola, vencedora da noite. "Angola, Angola", o grito ecoa pela casa de shows com mais força do que os gritos de "Brasil" (muito tímidos), apesar de Priscila Machado ter ficado entre as finalistas e levado um digno terceiro lugar.
Com a classificação final divulgada, muitos lamentavam a falta da miss Espanha entre as finalistas.
Sim, as misses não têm nome. A aclamada miss Angola só passou a ser chamada de Leila Lopes uma hora depois de o concurso terminar, quando deu entrevista para os jornalistas, que se rasgaram em elogios.
"Você é linda por dentro e por fora", disse um repórter de uma TV americana.
Concurso de miss é assim. Cafona (e divertido) do início ao fim.


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