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RIO BR 2000
Tambellini estréia longa
Cariocas assistem a "Bufo & Spallanzani"
DO ENVIADO AO RIO
"Um filme noir tropical" é a definição que o diretor de fotografia,
Breno Silveira, dá para a versão cinematográfica de "Bufo & Spallanzani", baseada em livro de Rubem Fonseca. O filme estréia hoje,
no Festival do Rio BR 2000, com
sessões às 13h30 e às 21h30.
Flávio Tambellini, diretor da fita, chegou no início desta semana
da Califórnia (EUA), onde finalizou a mixagem no estúdio
Skywalker, de George Lucas.
"Aquilo lá é uma Disneylândia
para cineastas", disse à Folha, em
sua casa no Rio.
"Bufo & Spallanzani marca a
estréia de Tambellini na direção.
Como produtor, ele foi responsável por filmes como "Eu, Tu,
Eles", de Andrucha Waddington,
"Orfeu", de Cacá Diegues, e "Terra Estrangeira", de Walter Salles e
Daniela Thomas.
"Sempre acreditei em cinema
como criação coletiva, por isso,
em todos os filmes que produzi,
também exerci muita influência,
o que tornou natural meu caminho para a direção", diz. Seu pai,
também chamado Flávio Tambellini, foi diretor de cinema em São
Paulo, nos anos 60. "Respirei cinema em casa".
A opção pelo texto de Fonseca
foi quase casual. Tambellini leu o
livro há muito tempo, achou que
daria um bom roteiro -"era o
primeiro texto brasileiro a incorporar computadores no enredo"- mas nunca mais pensou no
assunto. Um amigo, dono de uma
pousada na Serra da Bocaina
(SP), onde é narrada parte da história, voltou ao assunto, há quatro
anos. Quando leu o texto pela segunda vez, Tambellini convenceu-se de que daria um bom filme
de suspense.
"Dessa adaptação, o autor do livro não vai poder reclamar", diz.
O diretor refere-se à participação
do próprio Fonseca como roteirista do filme. "Ele mesmo fundiu
personagens e fez várias adaptações", conta. O roteiro é também
assinado pela escritora Patrícia
Melo.
"A participação da Patrícia é
fundamental, ela foi a primeira a
criar uma versão do livro para o
cinema. Trabalhamos em cima do
material que ela produziu".
"Bufo & Spallanzani" conta a
história de um ex-detetive, Gustavo Flávio (José Mayer), envolvido
com a morte de sua amante, Delfina (Maitê Proença), casada com
Delamare (Juca de Oliveira). Flávio acusa Delamare pela morte da
esposa. O crime é investigado por
Guedes (Tony Ramos).
"É um filme de suspense que se
passa no Rio, por isso não poderia
ter apenas cores fortes, mas também um lado meio escuro", diz
Tambellini. "Ele está entre "Bossa
Nova" (de Bruno Barreto) e "Orfeu".
"Bufo & Spallanzani" teve custo
de R$ 3 milhões e foi rodado em
sete semanas. "Concentrei os custos na pós-produção. O som, por
exemplo, é um elemento essencial
no filme." A trilha sonora é assinada por Dado Villa-Lobos, que
pela primeira vez faz um trabalho
para cinema.
A parceria Tambellini-Melo-Fonseca continua no próximo
ano. Tambellini produzirá "O
Matador", baseado em texto de
Melo , e que terá direção de José
Henrique Fonseca, filho de Rubem Fonseca.
As exibições de "Bufo & Spallanzani" hoje, no cine Odeon, na
Cinelândia, serão as primeiras para uma platéia. Nervoso, Tambellini não vê a hora do início da sessão. "Eu mesmo ainda não vi na
tela grande". O filme terá outras
seis sessões no Festival do Rio. O
lançamento em circuito comercial está previsto para março.
(FABIO CYPRIANO)
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