São Paulo, sábado, 14 de outubro de 2000

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RIO BR 2000
Tambellini estréia longa
Cariocas assistem a "Bufo & Spallanzani"

DO ENVIADO AO RIO

"Um filme noir tropical" é a definição que o diretor de fotografia, Breno Silveira, dá para a versão cinematográfica de "Bufo & Spallanzani", baseada em livro de Rubem Fonseca. O filme estréia hoje, no Festival do Rio BR 2000, com sessões às 13h30 e às 21h30.
Flávio Tambellini, diretor da fita, chegou no início desta semana da Califórnia (EUA), onde finalizou a mixagem no estúdio Skywalker, de George Lucas. "Aquilo lá é uma Disneylândia para cineastas", disse à Folha, em sua casa no Rio.
"Bufo & Spallanzani marca a estréia de Tambellini na direção. Como produtor, ele foi responsável por filmes como "Eu, Tu, Eles", de Andrucha Waddington, "Orfeu", de Cacá Diegues, e "Terra Estrangeira", de Walter Salles e Daniela Thomas.
"Sempre acreditei em cinema como criação coletiva, por isso, em todos os filmes que produzi, também exerci muita influência, o que tornou natural meu caminho para a direção", diz. Seu pai, também chamado Flávio Tambellini, foi diretor de cinema em São Paulo, nos anos 60. "Respirei cinema em casa".
A opção pelo texto de Fonseca foi quase casual. Tambellini leu o livro há muito tempo, achou que daria um bom roteiro -"era o primeiro texto brasileiro a incorporar computadores no enredo"- mas nunca mais pensou no assunto. Um amigo, dono de uma pousada na Serra da Bocaina (SP), onde é narrada parte da história, voltou ao assunto, há quatro anos. Quando leu o texto pela segunda vez, Tambellini convenceu-se de que daria um bom filme de suspense.
"Dessa adaptação, o autor do livro não vai poder reclamar", diz. O diretor refere-se à participação do próprio Fonseca como roteirista do filme. "Ele mesmo fundiu personagens e fez várias adaptações", conta. O roteiro é também assinado pela escritora Patrícia Melo.
"A participação da Patrícia é fundamental, ela foi a primeira a criar uma versão do livro para o cinema. Trabalhamos em cima do material que ela produziu".
"Bufo & Spallanzani" conta a história de um ex-detetive, Gustavo Flávio (José Mayer), envolvido com a morte de sua amante, Delfina (Maitê Proença), casada com Delamare (Juca de Oliveira). Flávio acusa Delamare pela morte da esposa. O crime é investigado por Guedes (Tony Ramos).
"É um filme de suspense que se passa no Rio, por isso não poderia ter apenas cores fortes, mas também um lado meio escuro", diz Tambellini. "Ele está entre "Bossa Nova" (de Bruno Barreto) e "Orfeu".
"Bufo & Spallanzani" teve custo de R$ 3 milhões e foi rodado em sete semanas. "Concentrei os custos na pós-produção. O som, por exemplo, é um elemento essencial no filme." A trilha sonora é assinada por Dado Villa-Lobos, que pela primeira vez faz um trabalho para cinema.
A parceria Tambellini-Melo-Fonseca continua no próximo ano. Tambellini produzirá "O Matador", baseado em texto de Melo , e que terá direção de José Henrique Fonseca, filho de Rubem Fonseca.
As exibições de "Bufo & Spallanzani" hoje, no cine Odeon, na Cinelândia, serão as primeiras para uma platéia. Nervoso, Tambellini não vê a hora do início da sessão. "Eu mesmo ainda não vi na tela grande". O filme terá outras seis sessões no Festival do Rio. O lançamento em circuito comercial está previsto para março.
(FABIO CYPRIANO)


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