São Paulo, sábado, 14 de outubro de 2000

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Mostra Internacional Sesc reúne em SP, a partir do dia 21, novos talentos da dança
Portugal, onde a chamada nova dança floresceu nos últimos dez anos, tem a maior representação
Companhias investigam o corpo e seus processos

Divulgação
Cena de espetáculo de Xavier Le Roy, que apresenta suas performances essenciais em São Paulo; ele é um dos talentos emergentes que integram a mostra do Sesc, ao lado da abalizada Maguy Marin


ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Mostra Internacional Sesc de Dança, que começa no próximo dia 21, contribui para fazer de outubro um dos meses mais agitados do calendário cultural do ano. Com espetáculos distribuídos em quatro teatros, o evento traz para São Paulo as atrações estrangeiras do 9º Panorama RioArte de Dança, dirigido no Rio de Janeiro pela coreógrafa Lia Rodrigues.
Com exceção dos espetáculos da francesa Maguy Marin, as demais apresentações revelam talentos europeus emergentes. Da Alemanha, vem Tom Plischke, cujo grupo mostrará no Sesc Belenzinho uma reconstrução de "Affectos Humanos", ciclo de danças concebido por Dore Hoyer, uma das mais importantes criadoras do expressionismo alemão, que suicidou-se em 1967, aos 56 anos.
Embora nascido na França, Xavier Le Roy também representa a Alemanha, onde está radicado. Com suas "performances" reduzidas ao essencial, ele faz eco a alguns criadores europeus que, no momento, recusam os efeitos cênicos e o resultado final do espetáculo, para se deter em processos de investigação.
Na mostra, o país com maior representação é Portugal, onde a chamada nova dança floresceu nos últimos dez anos. Vera Mantero, principal representante deste movimento, volta ao Brasil depois de dois anos para apresentar "Poesia e Selvajaria", que ela estreou em 1998.
Graças a uma parceria com o evento Danças na Cidade, que se realiza em Lisboa desde 1993, sob direção de Monica Lapa e Mark Deputter, a Mostra do Sesc recebe mais cinco artistas portugueses.
Também coreógrafa, Monica Lapa mostrará "Miss Liberty", que procura suscitar questões sobre o corpo feminino. Outro tema relativo à mulher está presente em "Untitle Me", de Lilia Mestre e Davis Freeman. Ainda de Portugal, vêm Miguel Pereira, Antonio Tagliarini e Antonio Tavares.
"Estaremos em contato com criadores e pensadores que desenvolvem idéias complexas, questionando e investigando o corpo, além de interagir com seu tempo por meio da dança e de outras linguagens", explica Rosana Cunha, assessora de dança do Sesc São Paulo.
Para intensificar intercâmbios e tornar os espetáculos mais acessíveis ao público, a Mostra promoverá encontros com os artistas que comentarão seus trabalhos após os espetáculos.
Grande atração, não só da mostra, mas da programação de dança deste ano, Maguy Marin volta com seu grupo ao Brasil para reapresentar o maior sucesso de seu repertório "May B", de 1980 e sua criação mais recente, "Quoi Qu'il en Soit" (O que quer que seja), que estreou ano passado.
Com estas duas obras, o elenco de Marin revela momentos específicos da carreira da coreógrafa e as transformações de linguagem ocorridas num intervalo de quase 20 anos.
Inspirada em Samuel Beckett, "May B" enfoca uma comunidade social, enquanto "Quoi qu'il en soit", dançado por um quinteto, detém-se em individualidades.


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