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São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

Apostas de Vilaça levantaram novas possibilidades

TIAGO MESQUITA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A exposição "Marcantonio Vilaça: Passaporte Contemporâneo", em cartaz no MAC da USP, é datada. Fala de uma época recente, mas que parece não fazer parte do nosso presente.
Não que a produção tenha perdido a atualidade: ela não envelheceu. Os melhores trabalhos são fortes, atuais e têm muito o que dizer. No entanto, o tratamento das obras, independentemente do espaço museológico, as empurra para tempos que se foram. A música que sai dos falantes ajuda na ambientação, parece que estamos num salão para senhoras, mas também não é isso.
Talvez sejam, novamente, as opções curatoriais. A mostra compara, o tempo todo, obras da coleção de Vilaça, realizadas há cerca de dez, ou quase 20 anos, com trabalhos mais recentes dos mesmos artistas. Parece uma brincadeira de passado e presente, avalizando as escolhas do galerista e demonstrando como as sua apostas se revelaram produtivas.
Nada que não faça sentido. A coletiva pretende frisar o papel de Marco Antonio Vilaça no esforço de profissionalização e internacionalização da arte brasileira. Poucos se dedicaram tanto a isso como ele. O negociante fez de tudo para que a arte contemporânea brasileira disputasse de igual para igual com os artistas dos chamados "países centrais". Cuidou também da formação do meio de arte no Brasil e se preocupou com a absorção de novas poéticas. Por isso é significativo que sua coleção acabe em um museu.
Para frisar o sucesso da empreitada, o museu exibe esses sinais de adensamento da cultura visual em belas obras. É certo que alguns dos trabalhos, a reboque de tendências internacionais, esmaeceram. Hoje, aparecem como cópia pálida do que havia de mais avançado, por dois meses, há 15 anos.
Mas as apostas do galerista se firmaram por levantar novas possibilidades para a cultura visual. A relação entre passado e presente é produtiva na comparação das obras de Nuno Ramos, Paulo e Eduardo Climachauska, Iole de Freitas e Cristina Canale. Esta produção se pôs a discutir problemas da arte ocidental a partir de um ponto de vista particular e autônomo, de igual para igual.


Tiago Mesquita é crítico de arte Marcantonio Vilaça: Passaporte Contemporâneo
   Onde: MAC (r. da Reitoria, 160, Cidade Universitária, tel. 0/xx/11/3091-3039) Quando: de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb. e dom., das 10h às 16h; até 26/10 Quanto: entrada franca


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