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ARTES PLÁSTICAS
Apostas de Vilaça levantaram novas possibilidades
TIAGO MESQUITA
ESPECIAL PARA A FOLHA
A exposição "Marcantonio
Vilaça: Passaporte Contemporâneo", em cartaz no MAC da
USP, é datada. Fala de uma época
recente, mas que parece não fazer
parte do nosso presente.
Não que a produção tenha perdido a atualidade: ela não envelheceu. Os melhores trabalhos são
fortes, atuais e têm muito o que
dizer. No entanto, o tratamento
das obras, independentemente do
espaço museológico, as empurra
para tempos que se foram. A música que sai dos falantes ajuda na
ambientação, parece que estamos
num salão para senhoras, mas
também não é isso.
Talvez sejam, novamente, as
opções curatoriais. A mostra
compara, o tempo todo, obras da
coleção de Vilaça, realizadas há
cerca de dez, ou quase 20 anos,
com trabalhos mais recentes dos
mesmos artistas. Parece uma
brincadeira de passado e presente, avalizando as escolhas do galerista e demonstrando como as sua
apostas se revelaram produtivas.
Nada que não faça sentido. A
coletiva pretende frisar o papel de
Marco Antonio Vilaça no esforço
de profissionalização e internacionalização da arte brasileira.
Poucos se dedicaram tanto a isso
como ele. O negociante fez de tudo para que a arte contemporânea brasileira disputasse de igual
para igual com os artistas dos chamados "países centrais". Cuidou
também da formação do meio de
arte no Brasil e se preocupou com
a absorção de novas poéticas. Por
isso é significativo que sua coleção
acabe em um museu.
Para frisar o sucesso da empreitada, o museu exibe esses sinais
de adensamento da cultura visual
em belas obras. É certo que alguns
dos trabalhos, a reboque de tendências internacionais, esmaeceram. Hoje, aparecem como cópia
pálida do que havia de mais avançado, por dois meses, há 15 anos.
Mas as apostas do galerista se
firmaram por levantar novas possibilidades para a cultura visual. A
relação entre passado e presente é
produtiva na comparação das
obras de Nuno Ramos, Paulo e
Eduardo Climachauska, Iole de
Freitas e Cristina Canale. Esta
produção se pôs a discutir problemas da arte ocidental a partir de
um ponto de vista particular e autônomo, de igual para igual.
Tiago Mesquita é crítico de arte
Marcantonio Vilaça: Passaporte
Contemporâneo
Onde: MAC (r. da Reitoria, 160, Cidade
Universitária, tel. 0/xx/11/3091-3039)
Quando: de ter. a sex., das 10h às 19h;
sáb. e dom., das 10h às 16h; até 26/10
Quanto: entrada franca
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