São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 2005

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FILMES

TV PAGA


Diretores usam filmes para recriar sonhos

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando encarnou a situação modelo "aluno que se rebela contra o mestre", Jung esbarrou particularmente em modos diferentes de lidar com os sonhos como vistos por Freud. No entanto, o aprendiz admitiu a impossibilidade de explicar o funcionamento do processo criativo dos artistas.
Estivesse vivo, Jung teria farto material para análise hoje, na TV paga, já que Hayao Miyazaki e David Lynch marcam presença. São ambos nomes do cinema que dão a ilusão de transpor fluxos de consciência diretamente para as telas, sem intermediários.
O primeiro comparece com seu "A Viagem de Chihiro" (Cinemax, 17h30). A "lógica" que dá o pontapé para a história é simples: garotinha contrariada está mudando de casa. Na viagem, entra com os pais em um parque temático abandonado que se mostrará um portal para um mundo fantástico, de terror e sonho. Pai e mãe viram porcos, e a menina se vê as voltas com demônios, um bebê gigante, um trem que anda na água, uma casa de banhos para deuses etc. "Surreal" é a primeira reação -óbvia- do espectador.
Mais esclarecedor é saber que Miyazaki diz não trabalhar com histórias finalizadas. Os acontecimentos mostrados seriam criados à medida que ele iria desenhando.
Surreais mesmo são fatos corriqueiros que envolvem "Cidade dos Sonhos" (Telecine Pipoca, 0h05). A começar pelo título brasileiro, que já entrega o fim do filme e lembra a piada folclórica que foi "O Filho que Era Mãe", nome de "Psicose" em Portugal; o outro é o fato de entrar na programação desse canal dedicado a filmes mais "fáceis" e comerciais.
Bizarrices à parte, Lynch é um cineasta que diz ter se recusado a fazer terapia quando o analista avisou que o processo poderia interferir em seu processo criativo. Por isso não estranhe a mania do diretor em recriar sonhos pessoais em cenas, às vezes de forma gratuita, como em "Twin Peaks". "Cidade dos Sonhos", no entanto, mais do que puro maneirismo, é uma das mais eficazes recriações da "lógica" do inconsciente nas telas. (BRUNO YUTAKA SAITO)

O valor das cerimônias

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"A Noviça Rebelde" (TC Classic, 0h15) já foi um filme de Natal. A história da jovem noviça que, incapaz de se adaptar aos hábitos do convento, torna-se preceptora em uma família onde, como ela, todo mundo tem gosto pelo hábito de cantar.
De música em música passa-se da bonança à tempestade nazista e então trata-se de fugir. É uma trama de morte e renascimento. Não é de estranhar que fosse um programa natalino quase obrigatório.
A indústria do entretenimento, que é tentacular, não tem mais lugar para essas pequenas cerimônias. Qualquer dia é dia e qualquer lugar é lugar. A coisa funciona assim.
Onde não há renascimento, mas há morte aos montes, com secura e rigor, é em "Bonnie & Clyde - Uma Rajada de Balas" (Max Prime, 15h30).

TV ABERTA

Harry e Sally - Feitos Um para o Outro
Record, 14h.
(When Harry Met Sally). EUA, 1989, 84 min. Direção: Rob Reiner. Com Billy Crystal, Meg Ryan, Carrie Fischer. Comédia romântica com Meg Ryan, antipatia seguida de paixão e canções antigas recauchutadas. Hoje, a fórmula já não convence mais ninguém. Na época, ainda possuía algum frescor.

Turbo - Power Rangers 2
Globo, 15h35.
(Turbo - A Power Rangers Movie). EUA, 1998, 99 min. Direção: David Winning, Shuki Levy. Com Jason David Frank, Steve Cardenas. Os cinco super-heróis ditos Power Rangers aqui devem salvar um alien simpático de Divatox, pirata espacial que o seqüestrou. Estritamente infantil.

De Olhos Bem Fechados
SBT, 22h30.
(Eyes Wide Shut). EUA/Inglaterra, 1999, 159 min. Direção: Stanley Kubrick. Com Tom Cruise, Nicole Kidman. Cruise e Kidman fazem o casal bem-sucedido às voltas com uma crise conjugal e decorrências sexuais, que Stanley Kubrick trata num estranho tom de pesadelo. O último Kubrick não é o melhor. Mas quem mais teria coragem de filmar Nicole Kidman numa privada? (E, mais, ficar bem).

Trem Atômico
Record, 22h30.
(Atomic Train). EUA, 1999, 100 min. Direção: David Jackson, Dick Lowry. Com Rob Lowe, Kristin Davis, Esai Morales. Trem que transforma lixo atômico perde o freio. Aí o risco de a humanidade ir para o beleléu cresce consideravelmente. Feito para TV.

Babylon 5 - No Início
SBT, 4h15.
(Babylon 5: In the Beggining). EUA, 1997. Direção: Mike Vejar. Com Bruce Boxleitner, Mira Furlan. Primeiro de uma série de filmes para TV a propósito da série "Babylon 5", de ficção científica. Aqui, no século 23, um jovem imperador ouve história sobre batalha entre a luz e as trevas.

Intercine
Globo, 3h.
Para fechar a semana da sua sessão dita interativa, a emissora designou como pugnantes "Um Sonho Distante" (1992, de Ron Howard, com Tom Cruise, Nicole Kidman) e "Matador de Aluguel" (1989, de Rowdy Harrington, com Patrick Swayze, Ben Gazzara, Kelly Lynch). (IA)


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