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FILMES
TV PAGA
Diretores usam filmes para recriar sonhos
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando encarnou a situação
modelo "aluno que se rebela contra o mestre", Jung esbarrou particularmente em modos diferentes de lidar com os sonhos como
vistos por Freud. No entanto, o
aprendiz admitiu a impossibilidade de explicar o funcionamento
do processo criativo dos artistas.
Estivesse vivo, Jung teria farto
material para análise hoje, na TV
paga, já que Hayao Miyazaki e
David Lynch marcam presença.
São ambos nomes do cinema que
dão a ilusão de transpor fluxos de
consciência diretamente para as
telas, sem intermediários.
O primeiro comparece com seu
"A Viagem de Chihiro" (Cinemax, 17h30). A "lógica" que dá o
pontapé para a história é simples:
garotinha contrariada está mudando de casa. Na viagem, entra
com os pais em um parque temático abandonado que se mostrará
um portal para um mundo fantástico, de terror e sonho. Pai e
mãe viram porcos, e a menina se
vê as voltas com demônios, um
bebê gigante, um trem que anda
na água, uma casa de banhos para
deuses etc. "Surreal" é a primeira
reação -óbvia- do espectador.
Mais esclarecedor é saber que
Miyazaki diz não trabalhar com
histórias finalizadas. Os acontecimentos mostrados seriam criados
à medida que ele iria desenhando.
Surreais mesmo são fatos corriqueiros que envolvem "Cidade dos Sonhos" (Telecine Pipoca,
0h05). A começar pelo título brasileiro, que já entrega o fim do filme e lembra a piada folclórica que
foi "O Filho que Era Mãe", nome
de "Psicose" em Portugal; o outro
é o fato de entrar na programação
desse canal dedicado a filmes
mais "fáceis" e comerciais.
Bizarrices à parte, Lynch é um
cineasta que diz ter se recusado a
fazer terapia quando o analista
avisou que o processo poderia interferir em seu processo criativo.
Por isso não estranhe a mania do
diretor em recriar sonhos pessoais em cenas, às vezes de forma
gratuita, como em "Twin Peaks".
"Cidade dos Sonhos", no entanto,
mais do que puro maneirismo, é
uma das mais eficazes recriações
da "lógica" do inconsciente nas
telas.
(BRUNO YUTAKA SAITO)
O valor das cerimônias
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"A Noviça Rebelde" (TC
Classic, 0h15) já foi um filme de Natal. A história da
jovem noviça que, incapaz
de se adaptar aos hábitos do
convento, torna-se preceptora em uma família onde,
como ela, todo mundo tem
gosto pelo hábito de cantar.
De música em música
passa-se da bonança à tempestade nazista e então trata-se de fugir. É uma trama
de morte e renascimento.
Não é de estranhar que fosse um programa natalino
quase obrigatório.
A indústria do entretenimento, que é tentacular,
não tem mais lugar para essas pequenas cerimônias.
Qualquer dia é dia e qualquer lugar é lugar. A coisa
funciona assim.
Onde não há renascimento, mas há morte aos montes, com secura e rigor, é em
"Bonnie & Clyde - Uma
Rajada de Balas" (Max Prime, 15h30).
TV ABERTA
Harry e Sally - Feitos Um para o
Outro
Record, 14h.
(When Harry Met Sally). EUA, 1989, 84
min. Direção: Rob Reiner. Com Billy
Crystal, Meg Ryan, Carrie Fischer.
Comédia romântica com Meg Ryan,
antipatia seguida de paixão e canções
antigas recauchutadas. Hoje, a fórmula
já não convence mais ninguém. Na
época, ainda possuía algum frescor.
Turbo - Power Rangers 2
Globo, 15h35.
(Turbo - A Power Rangers Movie). EUA,
1998, 99 min. Direção: David Winning,
Shuki Levy. Com Jason David Frank,
Steve Cardenas. Os cinco super-heróis
ditos Power Rangers aqui devem salvar
um alien simpático de Divatox, pirata
espacial que o seqüestrou. Estritamente
infantil.
De Olhos Bem Fechados
SBT, 22h30.
(Eyes Wide Shut). EUA/Inglaterra, 1999,
159 min. Direção: Stanley Kubrick. Com
Tom Cruise, Nicole Kidman. Cruise e
Kidman fazem o casal bem-sucedido às
voltas com uma crise conjugal e
decorrências sexuais, que Stanley
Kubrick trata num estranho tom de
pesadelo. O último Kubrick não é o
melhor. Mas quem mais teria coragem
de filmar Nicole Kidman numa privada?
(E, mais, ficar bem).
Trem Atômico
Record, 22h30.
(Atomic Train). EUA, 1999, 100 min.
Direção: David Jackson, Dick Lowry. Com
Rob Lowe, Kristin Davis, Esai Morales.
Trem que transforma lixo atômico perde
o freio. Aí o risco de a humanidade ir para
o beleléu cresce consideravelmente.
Feito para TV.
Babylon 5 - No Início
SBT, 4h15.
(Babylon 5: In the Beggining). EUA, 1997.
Direção: Mike Vejar. Com Bruce
Boxleitner, Mira Furlan. Primeiro de uma
série de filmes para TV a propósito da
série "Babylon 5", de ficção científica.
Aqui, no século 23, um jovem imperador
ouve história sobre batalha entre a luz e
as trevas.
Intercine
Globo, 3h.
Para fechar a semana da sua sessão dita
interativa, a emissora designou como
pugnantes "Um Sonho Distante" (1992,
de Ron Howard, com Tom Cruise, Nicole
Kidman) e "Matador de Aluguel" (1989,
de Rowdy Harrington, com Patrick
Swayze, Ben Gazzara, Kelly Lynch).
(IA)
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