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CRÍTICA
Nadinho da Ilha revisita Geraldo Pereira
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Assim como Cyro Monteiro
(1913-1973) e Roberto Silva,
85, Nadinho da Ilha, 71, é um excelente cantor que pouco se dedicou à composição e preferiu se esmerar na interpretação do samba
sincopado. Se um dos maiores
mestres desse samba cheio de
curvas, degraus e quebras é Geraldo Pereira (1918-1955), como pode dar errado um CD de Nadinho
chamado "Meu Amigo Geraldo
Pereira"?
Quando ele ainda era o menino
Aguinaldo Caldeira no morro do
Borel, na Tijuca (zona norte do
Rio de Janeiro), seu tio Nilo Chagas -que formou o Trio de Ouro
com Dalva de Oliveira e Herivelto
Martins- recebia muita gente da
música, inclusive Geraldo.
"Comecei a aprender as manhas
do sincopado naquela época. Depois, quando eu tinha 12 anos, Geraldo me levou para tocar tamborim na rádio Clube", conta Nadinho, que ganhou o sufixo "da
Ilha" por causa da Ilha dos Velhacos, área do Borel.
Ele também atuou no teatro,
nos musicais "Deus lhe Pague" e
"Ópera do Malandro", e em humorísticos de TV como "A Praça
é Nossa". "Acho que eu sou meio
engraçado", justifica.
O disco
O humor é forte no CD. Em
sambas como "Você Está Sumindo", "Cabritada Malsucedida" e
"Acertei no Milhar", Nadinho
brinca à vontade com as nuances
das melodias e das letras.
"Você Está Sumindo", com o
arranjo amaxixado de Henrique
Cazes, é o melhor momento do
disco, permitindo ao cantor ser
tão sinuoso quanto preciso.
No departamento dos clássicos,
Nadinho dá seu recado em "Falsa
Baiana", "Escurinho" e "Escurinha". Ele brilha mais na irônica
"Ministério da Economia" e na
maliciosa "Chegou a Bonitona". E
comprova a versatilidade sua e de
Geraldo na valsa "Mais Cedo ou
Mais Tarde" e no choro "Pedro do
Pedregulho".
Meu Amigo Geraldo Pereira
Artista: Nadinho da Ilha
Gravadora: Rob Digital
Quanto: R$ 23, em média
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