São Paulo, sábado, 14 de outubro de 2006

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TRECHO

Ladrão em Curitiba é o que não falta. Estou na profissão faz pouco tempo. Não tenho muita prática. O pessoal da Furto já me prendeu um par de vezes. Numa delas acertaram um tiro no pé esquerdo. Daí que sou meio manco. Pra cada um preso, tem quanto solto na rua? O que eu peguei foi cartão de banco, celular, talão de cheque, esses trecos. Mas foi tudo devolvido lá na Furtão. Outra vez uma calculadora, dois celulares, quatro ou cinco anéis. Foi só. O dinheiro gastei tudo com mina e droga. Pra elas dinheiro não há que chegue. E preciso arrumar os dentes. De banguelo nenhuma gosta. Eu subo é pelo cabo do pára-raio. Magrinho feito eu. Pudera, sempre com fome.
Extraído do conto "Um Fantasma"


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