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Curso alertava contra "subversão" mesmo durante a abertura política
DA SUCURSAL DO RIO
A abertura política não acabou de imediato com os cursos
que preparavam os censores
para decifrar supostas mensagens subliminares. Leonor
Souza Pinto encontrou o programa de um curso dado em
1985, no qual eram emitidos
conceitos curiosos sobre erotismo ("sexo desviado para a
anormalidade") e democracia.
"Para os órgãos de segurança,
o problema básico não é saber
até que ponto a Juventude universitária perdeu a Fé na Democracia, mas saber até que
ponto esta Juventude continua
a ser alimentada contra a democracia", diz o programa.
Também afirma-se que "não
há necessidade de proibir o filme de arte". Bastariam "pequenos cortes para truncar as mensagens subversivas".
No corpo de censores havia
mulheres de militares, ex-jogadores de futebol e burocratas
que, com freqüência, indicavam cortes com medo de que
seus superiores vissem algo
que eles não tivessem assinalado. Alguns tinham mais preparo, como Coriolano Fagundes,
que dirigiu o setor.
Fagundes foi localizado por
Inimá Simões, autor de "Roteiro da Intolerância - A Censura
Cinematográfica no Brasil"
(1999), quando já era pastor
evangélico, mas pouco falou.
Com a extinção de suas funções, em 1988, eles procuraram
se dissociar desse passado.
Leonor pretende dar um salto na terceira etapa de seu projeto, patrocinado pela Petrobras: digitalizar todos os processos existentes de censura a
filmes, para preservá-los. Muitos foram destruídos propositalmente antes de serem abertos ao público.
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