São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Curso alertava contra "subversão" mesmo durante a abertura política

DA SUCURSAL DO RIO

A abertura política não acabou de imediato com os cursos que preparavam os censores para decifrar supostas mensagens subliminares. Leonor Souza Pinto encontrou o programa de um curso dado em 1985, no qual eram emitidos conceitos curiosos sobre erotismo ("sexo desviado para a anormalidade") e democracia.
"Para os órgãos de segurança, o problema básico não é saber até que ponto a Juventude universitária perdeu a Fé na Democracia, mas saber até que ponto esta Juventude continua a ser alimentada contra a democracia", diz o programa.
Também afirma-se que "não há necessidade de proibir o filme de arte". Bastariam "pequenos cortes para truncar as mensagens subversivas".
No corpo de censores havia mulheres de militares, ex-jogadores de futebol e burocratas que, com freqüência, indicavam cortes com medo de que seus superiores vissem algo que eles não tivessem assinalado. Alguns tinham mais preparo, como Coriolano Fagundes, que dirigiu o setor.
Fagundes foi localizado por Inimá Simões, autor de "Roteiro da Intolerância - A Censura Cinematográfica no Brasil" (1999), quando já era pastor evangélico, mas pouco falou. Com a extinção de suas funções, em 1988, eles procuraram se dissociar desse passado.
Leonor pretende dar um salto na terceira etapa de seu projeto, patrocinado pela Petrobras: digitalizar todos os processos existentes de censura a filmes, para preservá-los. Muitos foram destruídos propositalmente antes de serem abertos ao público.


Texto Anterior: Um horror de censura
Próximo Texto: Mônica Bergamo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.