São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002

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CRÍTICA

Onde está Bob Dylan?

DA REPORTAGEM LOCAL

Não confie no vendedor. Tom Morello, 38, tem razão ao defender que o Audioslave merece ser "julgado por seus próprios méritos", mas daí a dizer que Audioslave não é nem Rage Against the Machine nem Soundgarden já é um exagero.
A equação é a seguinte: [(Rage Against the Machine - Zack de La Rocha) + (Chris Cornell - Soundgarden)] x (Led Zeppelin + Black Sabbath) = Audioslave. Simples.
Quanto a Bob Dylan, ainda falta encontrar. Mas faixas como a música de trabalho, "Cochise" -dedicada a um índio apache que teria botado para correr centenas de colonos no sul dos EUA-, "Gasoline" e "Exploder" estão definitivamente muito mais para o rock'n'roll setentão gritado de Robert Plant, Ozzy Osbourne e cia. do que para o folk anasalado de mister Zimmerman.
Vá lá que, marco na história, o disco apresenta as primeiras baladas do Rage Against the... digo, Audioslave. Mesmo aí ("Like a Stone", "I Am the Highway", "Getaway Car" e "The Last Remaining Light"), fica difícil não ouvir a herança de Chris Cornell.
Se não nas letras -também agora mais "eu e minha depressão" do que "nós, o povo, contra eles, o governo"-, o Audioslave é indiscutivelmente Rage Against the Machine na sonoridade de uma parcela significativa do CD.
A marca registrada da guitarra de Morello percorre desde a abertura, com a tal "Cochise", passando por "Set It Off", "Hypnotize" e outra vez por "Exploder". Para o alívio daqueles que já pensavam em reservar os ingressos e "pogar" do começo ao fim do show do Audioslave no Brasil.
Os solos esquisitões e inconfundíveis de "Evil Empire" (96) e "Battle of Los Angeles" (99), últimos álbuns de inéditas do RATM, também aparecem. E melhores.
Enfim, perdoe-me o Audioslave, mas nem Rage Against the Machine nem Soundgarden acabaram. Só fizeram, juntos, um dos melhores álbuns de rock do ano.
(DIEGO ASSIS)

Audioslave


    
Artista: Audioslave
Gravadora: Sony Music/Epic
Lançamento: 18/11, no Brasil
Preço: R$ 25 (em média)




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