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LANÇAMENTOS/DVD
"TRILOGIA CÂMARA DE SHAOLIN 36"
Produções de kung-fu destacam coreografias de luta e recriação de templo shaolin
Gordon Liu estrela exuberância de trilogia
CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DA ILUSTRADA
Para fãs de Quentin Tarantino, cultores de "Kill Bill" ou
simplesmente para admiradores
de filmes de ação, a trilogia "Câmara de Shaolin 36" é nada menos que um prato cheio.
Dirigidos por Lau Kar-leung, "A
Câmara 36 de Shaolin" (77), "Retorno à Câmara 36" (80) e "Discípulos da Câmara 36" (84) são típicas produções dos Shaw Brothers,
uma versão em Hong Kong dos
grandes estúdios hollywoodianos
focada predominantemente nos
filmes de artes marciais.
Ou seja, não espere um festival
de pancadaria. O show aqui, além
da recriação exuberante do templo shaolin, fica por conta da sofisticada coreografia das cenas de
lutas e da presença radiante de
Gordon Liu como protagonista
do filme original. Recentemente,
Liu tornou-se mais conhecido
graças a "Kill Bill", em que desempenhou dois papéis -o yakuza
mascarado Johnny Mo, no "Vol.
1", e o mestre Pai Mei, no "Vol. 2".
A trilogia destaca-se também no
subgênero das produções de
kung-fu dos anos 70 por seu viés
político. Com a reintegração à
China ainda distante em 1978, esses filmes investem no culto à rebeldia como elemento da narrativa que justifica as cenas de luta.
Nos três filmes, o foco são jovens
que assumem a liderança revolucionária contra tiranias políticas.
Para combatê-las é que o kung-fu
entra em cena.
"Câmara de Shaolin 36" é de
longe o melhor dos três filmes,
com sua narrativa quase pedagógica sobre cada passo do treinamento de um guerreiro shaolin.
"Retorno à Câmara 36" é assumidamente um subproduto, mais
uma carona no estrondoso sucesso do original, mas desta vez tingido com cores cômicas, o que não
deixa de ser interessante com a
transformação das lutas em momentos de puro burlesco que remetem tanto às criações de Chaplin e de Buster Keaton quanto às
habilidades circenses, muito comuns no cinema de Hong Kong
do período.
"Discípulos da Câmara 36" retoma o esqueleto do primeiro,
com um discípulo rebelde nas
mãos de San Te (Gordon Liu),
mas não passa de reflexo do espírito decadente dos estúdios Shaw
nos anos 80.
Com o mesmo tratamento luxuoso dado a esse lançamento a
China Vídeo podia aproveitar e
oferecer também os aclamados (e
desconhecidos no Brasil) filmes
de King Hu e Chang Che.
Extras: além dos habituais filmografias, pôsteres, trailers e notas de produção, dois discos trazem uma esclarecedora entrevista
com Gordon Liu e um documentário sobre o uso de bambus em
andaimes na construção civil
(sim, faz sentido) em Hong Kong.
Trilogia Câmara de Shaolin 36
Direção: Lau Kar-leung
Produção: Hong Kong, 1977/1980/1984
Quanto: R$ 130, em média
Distribuidora: China Vídeo (tel. 0/xx/
11/5572-7688)
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