São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2008

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Barcelona 40ºC

Nova comédia de Woody Allen, que estréia hoje no país, trata de um triângulo amoroso durante férias de verão na cidade catalã

Fotos Divulgação
Os atores Scarlett Johansson e Javier Bardem vivem duas pontas de um triângulo amoroso...

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Em seu quarto filme consecutivo rodado na Europa, "Vicky Cristina Barcelona", que estréia hoje no Brasil, o diretor nova-iorquino Woody Allen constrói um ménage à trois em paisagem espanhola.
As peças do triângulo são Cristina (Scarlett Johansson), Maria Elena (Penélope Cruz) e Juan Antonio (Javier Bardem).
"Já é bastante difícil conseguir viver com uma pessoa. Com duas, tende a ser mais complicado. Na vida real, a maioria das pessoas não pode conviver com essa situação. Mas, no cinema, dá para fazer isso", disse Allen, após a pré-estréia do filme, em maio passado, no Festival de Cannes.
Maria Elena é a passional ex-mulher do pintor Juan Antonio, que conhece Cristina quando ela e Vicky (Rebecca Hall), turistas americanas, vão a Barcelona de férias.
Ele aborda as duas com a proposta clara de passarem um fim de semana dedicado aos prazeres da mesa e do sexo.
Antes de dividir o teto com Cristina e Maria Elena, o pintor tem um affair com Vicky, o que também configura uma relação de três pontas, já que ela é noiva de Doug (Chris Messina).

Sem subterfúgios
Para Allen, o personagem de Bardem é "uma pessoa decente, um cara que joga aberto com as mulheres, que não usa subterfúgios para atraí-las".
O diretor escreveu o roteiro a convite de investidores catalães interessados em ter um filme com a assinatura de Allen rodado em Barcelona.
"Minha mulher e meus filhos adoram a cidade. Passar o verão lá foi ótimo. Não sei se aceitaria tão rápido se recebesse um telefonema assim de Estocolmo", disse Allen.
A mulher do diretor é a coreana Soon-Yi Previn, com quem tem dois filhos. Quando se envolveram, ele estava com Mia Farrow, que adotara Soon-Yi em sua união anterior, com o músico André Previn.
Ao lado do cineasta em Cannes, a atriz Penélope Cruz contou que riu muito ao ler o roteiro. "Mas, quando comecei a me preparar para o papel, vi o drama da personagem. Nas filmagens, fiquei profundamente envolvida com isso e até me esqueci de que havia achado as cenas engraçadas", disse.
Maria Elena, a personagem de Penélope, é perseguida pela idéia de estar sendo traída e não consegue levar adiante a relação com o homem que ama -e que a ama também.
O apego de Penélope à personagem fez com que ela anotasse idéias que lhe ocorriam sobre as motivações de Maria Elena e as dúvidas quanto ao seu passado. Numa manhã, antes das filmagens, a atriz tentou discutir esses aspectos com Allen.
"Ele falou que respeitava muito os diferentes métodos que os atores usam para se preparar, mas que eu realmente não precisava saber disso e concluiu: "Acredite: conheço pessoas assim. Elas existem"."
A despeito da intensidade dramática dos sentimentos de Maria Elena, as cenas em que ela e Juan Antonio brigam exaltados são das mais engraçadas do filme. Os diálogos oscilam entre o inglês e o espanhol, o que acentua seu efeito cômico.
"Adorei que Woody tenha nos dado essa liberdade de ir e voltar ao inglês e improvisar. Mas eu tinha muito medo, porque você não muda uma frase de Woody Allen!", disse a atriz.
Na onda do filme, também chega às livrarias brasileiras "Conversas com Woody Allen", livro de entrevistas de autoria de Eric Lax.


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