São Paulo, sábado, 14 de novembro de 2009

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TELEVISÃO

Crítica

"A Bela da Tarde" fala de sonhos e desejos

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Como não estamos numa olimpíada, não vem ao caso dizer se "A Bela da Tarde" (Canal Brasil, 18h; 14 anos) é o melhor ou apenas um dos dois ou três melhores filmes do espanhol Luis Buñuel.
Seria impossível, porque se trata de um autor tão diversificado, tão amplo em suas preocupações, tão inovador e sempre tão insolente que fica difícil destacar um momento de sua obra contra outro.
Mas aqui entra Catherine Deneuve. Uma espécie de loura hitchcockiana (fria na aparência, ardente no íntimo) elevada à quarta potência.
No filme, ela é fria com o marido, mas ardente com os homens, quase sempre animalescos, que encontra no bordel que costuma frequentar. E o marido é aquele tipo de rapaz que toda mãe gostaria de ter por genro.
O que vemos em cena é um sonho, pode-se alegar. Mas, por outro lado, talvez o desejo não saiba distinguir sonhos e realidade. Ou ainda é possível que sejam a mesma coisa. O certo é que o desejo é um território de obscuridade, que não pode ser delimitado previamente.
"A Bela da Tarde" tem um parentesco certo com a história de "A Bela e a Fera", de que talvez seja a mais adequada versão para os anos 1960. Era uma década que gostava de si mesma; a liberdade não queria mais ser um fantasma -mas, claro, tudo isso também era uma forma de sonho.


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