São Paulo, sexta, 14 de novembro de 1997.




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Grand Guignol solidificou horror

PAULO BISCAIA FILHO
especial para a Folha

Em 1897, o Théâtre du Grand Guignol, sob a direção de Oscar Méténier, abria suas portas no fim de um beco escuro em Montmartre, Paris.
O teatro, criado para abrigar textos de dramaturgos naturalistas militantes, acabou evoluindo para um gênero peculiar: o horror.
Percebendo a forte reação da platéia nas cenas de violência típicas do naturalismo, Max Maurey, o segundo diretor do Grand Guignol, resolveu investir cada vez mais no efeito.
Com o auxílio do dramaturgo André de Lorde, Maurey encenou em 1903 "Le Système du Docteur Gourdron et Professeur Plume", uma montagem que culminava com a cena de um corpo mutilado sendo arrastado de coxia a coxia.
A partir de então, o Grand Guignol passou a ser não apenas uma das principais atrações da cidade de Paris, mas também o local onde se solidificou o gênero de horror no teatro.
Eram comuns aos palcos do Grand Guignol cenas em que olhos eram arrancados com agulhas, vitríolo queimava rostos e esfaqueamentos e decapitações aconteciam.
Tudo feito com um timing perfeito, controlando e manipulando as emoções da platéia.
O Grand Guignol teve seus dias de glória na década de 20 e sobreviveu até 1962, depois de ter enfrentado a concorrência dos filmes de horror e das atrocidades nazistas da Paris ocupada.
No entanto, mesmo fechado por mais de 30 anos, deixou claras influências no cinema, na literatura e no teatro, transformando seu nome em sinônimo de horror e de medo.



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