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Grand Guignol solidificou horror
PAULO BISCAIA FILHO
especial para a Folha
Em 1897, o Théâtre du Grand
Guignol, sob a direção de Oscar
Méténier, abria suas portas no fim
de um beco escuro em Montmartre, Paris.
O teatro, criado para abrigar textos de dramaturgos naturalistas
militantes, acabou evoluindo para
um gênero peculiar: o horror.
Percebendo a forte reação da
platéia nas cenas de violência típicas do naturalismo, Max Maurey,
o segundo diretor do Grand Guignol, resolveu investir cada vez
mais no efeito.
Com o auxílio do dramaturgo
André de Lorde, Maurey encenou
em 1903 "Le Système du Docteur
Gourdron et Professeur Plume",
uma montagem que culminava
com a cena de um corpo mutilado
sendo arrastado de coxia a coxia.
A partir de então, o Grand Guignol passou a ser não apenas uma
das principais atrações da cidade
de Paris, mas também o local onde
se solidificou o gênero de horror
no teatro.
Eram comuns aos palcos do
Grand Guignol cenas em que olhos
eram arrancados com agulhas, vitríolo queimava rostos e esfaqueamentos e decapitações aconteciam.
Tudo feito com um timing perfeito, controlando e manipulando
as emoções da platéia.
O Grand Guignol teve seus dias
de glória na década de 20 e sobreviveu até 1962, depois de ter enfrentado a concorrência dos filmes de
horror e das atrocidades nazistas
da Paris ocupada.
No entanto, mesmo fechado por
mais de 30 anos, deixou claras influências no cinema, na literatura
e no teatro, transformando seu
nome em sinônimo de horror e de
medo.
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