São Paulo, sábado, 14 de novembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ARQUITETURA
João Filgueiras Lima conquista prêmio em evento que reuniu concorrentes ibero-americanos
Brasileiro vence Bienal na Europa

Reprodução
Desenho de João Filgueiras Lima para o Hospital do Aparelho Locomotor de Salvador; o arquiteto conquistou prêmio em bienal de Madri


CAMILA VIEGAS
especial para a Folha

O arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer recebeu em junho a cobiçada medalha de ouro do Royal Institute of British Architects (Instituto Real de Arquitetos Britânicos). Outro prêmio tradicional europeu, o bienal Mies van Der Rohe de Arquitetura, agora tem versão latino-americana e contou com vários finalistas brasileiros neste ano.
Para completar a façanha, o arquiteto João Filgueiras Lima recebeu o primeiro lugar na 1ª Bienal Ibero-Americana de Arquitetura e Engenharia Civil, que abriu em outubro e termina amanhã no Museu da América, em Madri (Espanha).
A arquitetura brasileira está finalmente buscando seu merecido lugar ao sol, depois de um nebuloso período em que não tinha sequer trabalhos publicados em revistas internacionais -alvo da censura reservada a países governados por regime militar.
"A maior parte dos países que participa dessa Bienal Ibero-Americana realiza uma exposição própria. Esta é a bienal das bienais, uma síntese dos melhores trabalhos apresentados no ano", explica Paulo Bruna, arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, um dos jurados do evento.
A Bienal recebeu cerca de 450 projetos dos quais foram selecionados 70 para serem publicados em catálogo. Os 40 melhores desenhos estão presentes na exposição do Museu da América.
O projeto vencedor é o Hospital do Aparelho Locomotor inaugurado em março de 1994, em Salvador, Bahia. Segundo Bruna, o desenho de Filgueiras Lima alia preocupação social, originalidade de concepção, inventividade formal e integração entre prédio, mobiliário e seu entorno.
Os outros prêmios foram respectivamente para os arquitetos portugueses Eduardo Souto Moura e Humberto Vieira, o argentino Pablo Tomás Beitia e os espanhóis Emilio Tuñon, Alvarez e Luis Moreno Mansilla.
Um dos detalhes mais interessantes de sua concepção, por exemplo, é o sistema de ventilação que dispensa ar condicionado mecânico. Na base da colina em que foi construído o hospital, há vários túneis que captam a brisa marítima e levam para os quartos.
A estrutura do edifício adequa, ainda, o clima e a disponibilidade técnica disponível na região. O hospital é construído por uma argamassa armada (material leve e de fácil preparo) que foi produzido por uma pequena fábrica -prevista no projeto e localizada no mesmo terreno.
A fábrica produziu também seu mobiliário e, hoje, prepara o material para outros hospitais da Rede Sarah.
A 1ª Bienal Ibero-americana reservou um prêmio em homenagem à trajetória profissional do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Além dele, o português Fernando Távora, o uruguaio Eladio Dieste e o espanhol Francisco Javier Saens de Oiza receberam a homenagem. Rocha é conhecido pela realização da reforma da Pinacoteca do Estado de São Paulo, do espaço expositivo da galeria do Sesi e do projeto do Museu Brasileiro da Escultura.
²
Mostra: 1ª Bienal Ibero-Americana de Arquitetura e Engenharia Civil Quando: Até amanhã, das 10h às 14h30 Onde: Museu da América (av. De Los Reyes Católicos, 6, Madri; tel. 003491/549-2641; site: www.cedex.es/cehopu/ bienal) Patrocinadores: Iberia, Casa de America e Ministério da Educação e Cultural da Espanha



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.