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FILMES E TV PAGA
"Cães" marca estréia explosiva de Tarantino
O Cavaleiro dos Quatro Diamantes
SBT, 14h15.
(The Four Diamonds). EUA, 95, 94 min.
Direção: Peter Werner. Com Christine
Lahti, Kevin Dunn. Após descobrir-se
vítima de um câncer raro, menino de 13
anos refugia-se em um mundo
fantástico, onde ele é o quarto cavaleiro
do Apocalipse e conquistador de quatro
diamantes: da coragem, da sabedoria, da
honestidade, da força.
Ases Indomáveis
Globo, 16h15.
(Top Gun). EUA, 86, 110 min. Direção:
Tony Scott. Com Tom Cruise, Kelly
McGillis. Um jovem piloto tenta vencer
entre os mais valorosos da aeronáutica
americana. Veículo para Cruise, o filme é
uma grande fantasia sobre a força, poder
e os códigos de macheza. Fantasia eficaz.
A Qualquer Preço
Globo, 23h05.
(A Civil Action). EUA, 1998, 112 min.
Direção: Steven Zaillian. Com John
Travolta, Robert Duvall. Rico advogado
topa correr o risco (pessoal) e processa
grande empresa, acusada de poluir um
rio e, em vista disso, provocar doença e
mortes na população local. A referência é
o elenco de primeira. Inédito.
Canção da Liberdade
SBT, 23h45.
(Freedom Song). EUA, 2000, 150 min.
Direção: Phil Alden Robinson. Com
Danny Glover, Vicellous R. Shannon. A
luta pelos direitos civis dos negros, no
início dos anos 60, no Sul racista e tendo
o pacifismo por estratégia. No centro,
um jovem revoltado (Shannon) com a
cabeça baixa manifestada pelo pai
(Glover) em face dos brancos. O assunto
é relevante. Feito para TV. Inédito.
Tentação Mortal
Bandeirantes,1h30.
(Temptress). EUA, 94, 92 min. Direção:
Lawrence Lanoff. Com Kim Delaney,
Chris Sarandon. Ao chegar da Índia,
fotógrafa (Delaney) mostra-se bem
diferente. Aliás, parece possuída por
maus espíritos. Felizmente, seu
namorado estará a seu lado e batalhará
para que a moça volte a ser o que era.
Traços de Família
SBT, 2h.
(Thicker than Blood). EUA, 98. Direção:
Richard Pearce. Com Mickey Rourke, Dan
Futterman. Professor descobre num
aluno de origem hispânica e de um
bairro pobre grande talento para o
desenho. O garoto em seus desenhos
retrata a vida dura e a violência que
cerca sua família. O professor, em vez de
ser elogiado por isso, leva pancada de
todos os lados.
Ensina-me a Viver
Globo, 3h10.
(Harold and Maude). EUA, 71, 92 min.
Direção: Hal Ashby. Com Ruth Gordon,
Bud Cort. Jovem rico com fortes
tendências suicidas e o hábito de seguir
enterros encontra, num desses, Maude,
senhora oitentona, mas extremamente
vital. Maude não só despertará o amor de
Harold como, conforme o título
brasileiro, o ensinará a viver. A história,
de sucesso, puxa a corda do verossímil.
Ashby entrega-se a ela, mais do que a
domina.
Cães de Aluguel
SBT, 3h45.
(Reservoir Dogs). EUA, 91, 100 min.
Direção: Quentin Tarantino. Com Harvey
Keitel, Michael Madsen. Seis assaltantes
são surpreendidos pela polícia durante
um assalto a joalheria. Estréia explosiva
de Tarantino, cineasta de talento
indiscutível, trabalhando aqui o
cotidiano da violência. Isto é, os
assaltantes, uma vez recolhidos à vida
normal, mostram-se também pessoas
normais. Assustadoramente normais, na
verdade. Só para São Paulo.
(IA)
TV PAGA
"Psicose" de 1998 evita confronto com o original
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O filme "Psicose" (hoje,
TNT, 0h45) é um estranho
exercício. Em 1998, Gus van Sant
refaz o clássico de 1960, de Hitchcock, procurando retomar o mestre quase plano a plano, enquadramento por enquadramento.
Acrescenta-lhe apenas a cor,
certos detalhes de época (a irmã
da moça assassinada usa um
walkman, por exemplo), certos
outros que Hitchcock não teria
podido usar (o assassino observa
sua vítima e se masturba, antes de
praticar o crime -detalhe não só
supérfluo como de gosto duvidosíssimo).
A primeira impressão é de fidelidade canina ao original. De respeito quase religioso: diante da
necessidade de refilmar um trabalho dessa monta, melhor refugiar-se na humildade.
Com o tempo, no entanto, outra
idéia parece se impor: e se tudo isso não passasse de uma enorme
preguiça? De uma maneira de evitar o risco? Porque existe algo de
terrivelmente burocrático no novo "Psicose".
Todo o tempo, é como se estivéssemos assistindo não a um
"remake", isto é, a uma nova concepção daquela história, mas sua
paródia. Tomemos o exemplo de
Lila Crane. No original, Vera Miles carrega a tensão decorrente
não apenas da morte da irmã,
mas a incerteza quanto ao que sucederá. Julianne Moore distende-se com seu walkman, comporta-se como quem está vivendo numa
reprise. Gus van Sant não se comporta como o heróico personagem de Jorge Luis Borges que tenta escrever o "Quixote" no século
20. Este é um leitor, um intérprete
em busca da fidelidade absoluta.
Tivesse feito isso, Van Sant teria
enlouquecido, ou entregue alguns
fragmentos ao estúdio, seria banido de Hollywood, com certeza.
Optou por um caminho mais razoável, é verdade. Mas a ele nunca
se aplicará o dito de Fuller de que
cinema é um campo de batalha.
Batalha é justamente o que não se
vê aqui.
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