São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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FILMES E TV PAGA

"Cães" marca estréia explosiva de Tarantino

O Cavaleiro dos Quatro Diamantes
SBT, 14h15.
  
(The Four Diamonds). EUA, 95, 94 min. Direção: Peter Werner. Com Christine Lahti, Kevin Dunn. Após descobrir-se vítima de um câncer raro, menino de 13 anos refugia-se em um mundo fantástico, onde ele é o quarto cavaleiro do Apocalipse e conquistador de quatro diamantes: da coragem, da sabedoria, da honestidade, da força.

Ases Indomáveis
Globo, 16h15.    
(Top Gun). EUA, 86, 110 min. Direção: Tony Scott. Com Tom Cruise, Kelly McGillis. Um jovem piloto tenta vencer entre os mais valorosos da aeronáutica americana. Veículo para Cruise, o filme é uma grande fantasia sobre a força, poder e os códigos de macheza. Fantasia eficaz.

A Qualquer Preço
Globo, 23h05.   
(A Civil Action). EUA, 1998, 112 min. Direção: Steven Zaillian. Com John Travolta, Robert Duvall. Rico advogado topa correr o risco (pessoal) e processa grande empresa, acusada de poluir um rio e, em vista disso, provocar doença e mortes na população local. A referência é o elenco de primeira. Inédito.

Canção da Liberdade
SBT, 23h45.   
(Freedom Song). EUA, 2000, 150 min. Direção: Phil Alden Robinson. Com Danny Glover, Vicellous R. Shannon. A luta pelos direitos civis dos negros, no início dos anos 60, no Sul racista e tendo o pacifismo por estratégia. No centro, um jovem revoltado (Shannon) com a cabeça baixa manifestada pelo pai (Glover) em face dos brancos. O assunto é relevante. Feito para TV. Inédito.

Tentação Mortal
Bandeirantes,1h30.  
(Temptress). EUA, 94, 92 min. Direção: Lawrence Lanoff. Com Kim Delaney, Chris Sarandon. Ao chegar da Índia, fotógrafa (Delaney) mostra-se bem diferente. Aliás, parece possuída por maus espíritos. Felizmente, seu namorado estará a seu lado e batalhará para que a moça volte a ser o que era.

Traços de Família
SBT, 2h.   
(Thicker than Blood). EUA, 98. Direção: Richard Pearce. Com Mickey Rourke, Dan Futterman. Professor descobre num aluno de origem hispânica e de um bairro pobre grande talento para o desenho. O garoto em seus desenhos retrata a vida dura e a violência que cerca sua família. O professor, em vez de ser elogiado por isso, leva pancada de todos os lados.

Ensina-me a Viver
Globo, 3h10.   
(Harold and Maude). EUA, 71, 92 min. Direção: Hal Ashby. Com Ruth Gordon, Bud Cort. Jovem rico com fortes tendências suicidas e o hábito de seguir enterros encontra, num desses, Maude, senhora oitentona, mas extremamente vital. Maude não só despertará o amor de Harold como, conforme o título brasileiro, o ensinará a viver. A história, de sucesso, puxa a corda do verossímil. Ashby entrega-se a ela, mais do que a domina.

Cães de Aluguel
SBT, 3h45.    
(Reservoir Dogs). EUA, 91, 100 min. Direção: Quentin Tarantino. Com Harvey Keitel, Michael Madsen. Seis assaltantes são surpreendidos pela polícia durante um assalto a joalheria. Estréia explosiva de Tarantino, cineasta de talento indiscutível, trabalhando aqui o cotidiano da violência. Isto é, os assaltantes, uma vez recolhidos à vida normal, mostram-se também pessoas normais. Assustadoramente normais, na verdade. Só para São Paulo. (IA)

TV PAGA

"Psicose" de 1998 evita confronto com o original

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O filme "Psicose" (hoje, TNT, 0h45) é um estranho exercício. Em 1998, Gus van Sant refaz o clássico de 1960, de Hitchcock, procurando retomar o mestre quase plano a plano, enquadramento por enquadramento. Acrescenta-lhe apenas a cor, certos detalhes de época (a irmã da moça assassinada usa um walkman, por exemplo), certos outros que Hitchcock não teria podido usar (o assassino observa sua vítima e se masturba, antes de praticar o crime -detalhe não só supérfluo como de gosto duvidosíssimo). A primeira impressão é de fidelidade canina ao original. De respeito quase religioso: diante da necessidade de refilmar um trabalho dessa monta, melhor refugiar-se na humildade. Com o tempo, no entanto, outra idéia parece se impor: e se tudo isso não passasse de uma enorme preguiça? De uma maneira de evitar o risco? Porque existe algo de terrivelmente burocrático no novo "Psicose". Todo o tempo, é como se estivéssemos assistindo não a um "remake", isto é, a uma nova concepção daquela história, mas sua paródia. Tomemos o exemplo de Lila Crane. No original, Vera Miles carrega a tensão decorrente não apenas da morte da irmã, mas a incerteza quanto ao que sucederá. Julianne Moore distende-se com seu walkman, comporta-se como quem está vivendo numa reprise. Gus van Sant não se comporta como o heróico personagem de Jorge Luis Borges que tenta escrever o "Quixote" no século 20. Este é um leitor, um intérprete em busca da fidelidade absoluta. Tivesse feito isso, Van Sant teria enlouquecido, ou entregue alguns fragmentos ao estúdio, seria banido de Hollywood, com certeza. Optou por um caminho mais razoável, é verdade. Mas a ele nunca se aplicará o dito de Fuller de que cinema é um campo de batalha. Batalha é justamente o que não se vê aqui.


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