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São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2003

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Nocaute em 3.000 imagens


Um dos maiores ícones do boxe, que ultrapassou os limites do esporte, Ali ganha tributo em livro de luxo com 34 quilos


DO "NEW YORK TIMES"

Desde os anos 60, Muhammad Ali prova ser um tema irresistível aos escritores e fotógrafos, que se deixaram fascinar pelo talento nos ringues de boxe, a beleza, a poesia, a dança, a consciência racial e a loquacidade, agora atraiçoada pelo Mal de Parkinson.
Boxeador, mas mais do que um simples lutador, ele deliciou, surpreendeu, enfureceu e inspirou uma audiência mundial. "Ele é como Walt Whitman, ou Annie Oakley, ou Gorgeous George, ou Bob Dylan", disse David Remnick, editor da revista "New Yorker" e autor de "King of the World" [Rei do Mundo], uma biografia publicada em 1998.
Mais de cem livros foram escritos sobre Ali até agora e acredita-se que ele seja uma das pessoas mais fotografadas do planeta.
Agora surge um projeto tanto inevitável quanto extravagante: "GOAT: A Tribute to Muhammad Ali" (Um Tributo a Muhammad Ali), da editora Taschen, um livro de 34 quilos, carregado com 600 mil palavras e 3.000 imagens.
O novo livro é revestido de seda e couro Louis Vuitton e está sendo encadernado à razão de algumas poucas centenas de cópias por semana. Quando for publicado, no mês que vem, "GOAT", abreviação de "Greatest Of All Time" [O Maior de Todos os Tempos], será vendido em uma edição limitada de 10 mil cópias.
Nove mil delas custarão US$ 3.000 cada uma, e as mil restantes, acompanhadas por uma escultura criada pelo artista Jeff Koons, serão vendidas por US$ 7.500. A escultura plástica, que terá de ser montada pelos compradores, é de um golfinho saltando sobre o livro e um pneu inflável repousando sobre um banco de madeira.
Em sua infância, na Alemanha, Benedikt Taschen assistia às lutas de Ali e via nele um atleta eloquente e articulado, cuja estatura se elevou ainda mais com sua recusa de ser convocado para o Exército dos EUA durante a Guerra do Vietnã, o que lhe custou o título mundial dos pesados.
"Ele é diferente de todos os outros ícones, que não são tão acessíveis", disse Taschen. "Ninguém jamais teve uma aparência tão boa quanto ele e ninguém foi fotografado por tanto tempo."
"GOAT" surgiu de uma pesquisa em número incontável de fontes publicadas e mais de 3 milhões de fotografias e negativos.
Em papel de qualidade e formato grande, as fotos do livro ressoam de maneira que não seria possível em revistas e jornais. Imagens conhecidas, como o famoso retrato de Ali com os olhos arregalados e o suor escorrendo pela testa evocam sua alegria e sua confiança. A foto do nocaute de Ali sobre Cleveland Williams, em 1966, revela ainda mais a crueldade da derrota, com o corpo estirado do lutador vencido fotografado de cima. "Usamos as fotos mais obscuras, as menos óbvias, e queríamos dar mais vida às conhecidas", disse Taschen. "Não queríamos um livro em formato grande que parecesse simplesmente uma coleção de ampliações. Só faria sentido se o tamanho tornasse as fotos mais vivas, completamente diferentes."
Quer se trate de um livro gigante, de uma obra de arte ou de um objeto de desejo, o objetivo é vender. Taschen disse que já tem pedidos de livrarias e de compradores privados. "Ajuda caso você tenha algum dinheiro, com certeza", disse o editor. "Não sei se os compradores são ricos, mas o livro os enriquecerá."
Stephen Riggio, executivo-chefe da cadeia de livrarias Barnes & Noble, disse que sua empresa receberá 1.500 cópias de "GOAT" e está certo de que elas se esgotarão. "É o objeto definitivo de coleção esportiva, mas seu apelo vai muito além disso", declarou. "É o equivalente editorial de um filme épico."

GOAT: A TRIBUTE TO MUHAMMAD ALI. Editora: Taschen. Quanto: de US$ 3.000 a US$ 7.500. Onde encomendar: www.barnesandnoble.com; www.amazon.com.

Tradução Paulo Migliacci


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