São Paulo, segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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Mangá esquece polêmicas de Jackson

Primeiro volume sobre a vida do cantor foge de temas delicados, com desenhos que não impressionam

DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Nunca mais existirá alguém como você", diz a contracapa do primeiro volume de "Eternamente Michael" (ed. Pensamento-Cultrix, 232 págs., R$ 21,50). Fica a dúvida, porém, se realmente existiu o artista que protagoniza o mangá.
Afinal, o Michael Jackson desenhado lembra pouco aquele das notícias sobre pedofilia, repetidas cirurgias plásticas no nariz e um bebê sendo sacudido na janela de um hotel.
Apesar de o roteiro ter sido escrito a partir de pesquisa em fotos, revistas, livros e documentários, transparece a intenção dos autores -os desenhistas Fabio Shin e Rafael Kirschner e os roteiristas Ledo Vieira e Joice Castilho- de fugir do tom crítico adotado pela imprensa. Em vez desse, adotam a visão parcial típica dos fãs.
Só dessa forma uma criança como o Michael Jackson do segundo capítulo do mangá diria uma frase de surpreendente maturidade como "sinto que estou deixando de ser criança e nem ao menos fui uma".
Em entrevista à Folha, Fabio Shin, 29, esclarece a razão de tanta deferência na hora de falar do astro: admiração. "Eu tinha uma banda "cover" de Michael Jackson aos 13 anos", diz.
Apesar de o "timing" do lançamento de "Eternamente Michael" -previsto para hoje- fazer a HQ parecer um tanto quanto oportunista, Shin nega que a ideia tenha aparecido após a morte do cantor.
"Era um projeto meu e do Ledo [Vieira] desde 2001, e tínhamos retomado o trabalho em maio", diz o desenhista. A parada cardíaca do astro, afirma, só acelerou a produção.
E o anúncio da produção do gibi só aconteceu após a morte do músico, segundo Shin, por segredo comercial.
É o mesmo anonimato, aliás, que impede que o artista revele qual é a tal "banda de sucesso internacional" que desenhará no ano que vem, em projeto biográfico semelhante.
O primeiro volume de "Eternamente Michael" começa na incomum infância do cantor e termina quando ele descobre, espantado, ter vitiligo.
Dessa maneira, os episódios mais polêmicos da vida do cantor -como as acusações de pedofilia-, se forem incluídos, devem ficar para o segundo semestre de 2010, quando for lançada a segunda e última parte da série, desenhada toda a lápis e colorida digitalmente.
Não espere, em nenhum dos dois volumes, cenários detalhados, linhas de movimento ou muitos outros luxos estéticos. O desenho é simples, mesmo que um pouco de dinamismo e profundidade pudessem quebrar a monotonia do traço.
O mangá "Eternamente Michael" será autografado hoje na Saraiva Megastore do Shopping Center Norte (travessa Casalbuono, 120, São Paulo, tel. 0/xx/11/2224-5959), às 19h30.


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