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Mangá esquece polêmicas de Jackson
Primeiro volume sobre a vida do cantor foge de temas delicados, com desenhos que não impressionam
DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Nunca mais existirá alguém
como você", diz a contracapa
do primeiro volume de "Eternamente Michael" (ed. Pensamento-Cultrix, 232 págs.,
R$ 21,50). Fica a dúvida, porém, se realmente existiu o artista que protagoniza o mangá.
Afinal, o Michael Jackson desenhado lembra pouco aquele
das notícias sobre pedofilia, repetidas cirurgias plásticas no
nariz e um bebê sendo sacudido na janela de um hotel.
Apesar de o roteiro ter sido
escrito a partir de pesquisa em
fotos, revistas, livros e documentários, transparece a intenção dos autores -os desenhistas Fabio Shin e Rafael Kirschner e os roteiristas Ledo Vieira
e Joice Castilho- de fugir do
tom crítico adotado pela imprensa. Em vez desse, adotam a
visão parcial típica dos fãs.
Só dessa forma uma criança
como o Michael Jackson do segundo capítulo do mangá diria
uma frase de surpreendente
maturidade como "sinto que
estou deixando de ser criança e
nem ao menos fui uma".
Em entrevista à Folha, Fabio
Shin, 29, esclarece a razão de
tanta deferência na hora de falar do astro: admiração. "Eu tinha uma banda "cover" de Michael Jackson aos 13 anos", diz.
Apesar de o "timing" do lançamento de "Eternamente
Michael" -previsto para hoje- fazer a HQ parecer um tanto quanto oportunista, Shin nega que a ideia tenha aparecido
após a morte do cantor.
"Era um projeto meu e do
Ledo [Vieira] desde 2001, e tínhamos retomado o trabalho
em maio", diz o desenhista. A
parada cardíaca do astro, afirma, só acelerou a produção.
E o anúncio da produção do
gibi só aconteceu após a morte
do músico, segundo Shin, por
segredo comercial.
É o mesmo anonimato, aliás,
que impede que o artista revele
qual é a tal "banda de sucesso
internacional" que desenhará
no ano que vem, em projeto
biográfico semelhante.
O primeiro volume de "Eternamente Michael" começa na
incomum infância do cantor e
termina quando ele descobre,
espantado, ter vitiligo.
Dessa maneira, os episódios
mais polêmicos da vida do cantor -como as acusações de pedofilia-, se forem incluídos,
devem ficar para o segundo semestre de 2010, quando for
lançada a segunda e última parte da série, desenhada toda a lápis e colorida digitalmente.
Não espere, em nenhum dos
dois volumes, cenários detalhados, linhas de movimento
ou muitos outros luxos estéticos. O desenho é simples, mesmo que um pouco de dinamismo e profundidade pudessem
quebrar a monotonia do traço.
O mangá "Eternamente Michael" será autografado hoje na
Saraiva Megastore do Shopping Center Norte (travessa
Casalbuono, 120, São Paulo, tel.
0/xx/11/2224-5959), às 19h30.
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