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ANÁLISE
Pamela, vulcão angelical
MARCELO RUBENS PAIVA
especial para a Folha
O povo que tornou a liberdade de
expressão um símbolo de resistência a tiranias é o mesmo que estabeleceu um eficiente controle indireto de seus meios de comunicação.
Falo dos norte-americanos. E Pamela Anderson é a nêspera dessa
dialética.
Sexo é algo complicado para os
anglo-saxões. Eles sabem que é
gostoso, mas têm dificuldades em
lidar.
As mulheres de lá exigem ser vistas como algo a mais que um simples cabide de traseiro e par de
bustos.
Quinze minutos assistindo a comerciais de TV, e percebe-se que
as mulheres de lá são cultuadas pela inteligência e capacidade de decisão, enquanto as daqui são cultuadas pela beleza e gostosura.
Num comercial de cerveja, as
mulheres de lá usam chapéus, enquanto as daqui usam shortinhos e
rebolam.
Cantar uma mulher, lá, dá cadeia. Aqui, parece uma obrigação
para o reforço da masculinidade.
Com o tecido de um biquíni de lá
se faz uma colcha aqui- sem falar
das lingeries. Lá, o que sexual é
pornográfico e proibido para menores de 21.
Aqui, Vera Fischer, Luana Piovani, Maitê Proença e outras já mostraram suas formas no horário nobre.
Dinheiro
Mas norte- americano não é burro. É criativo quando a palavra dinheiro está envolvida. Inventaram
o "S.O.S. Malibu", seriado com
história, com mulheres inteligentes e decididas que são uma belezura.
Elas salvam vidas- nada mais
sensual que uma mulher salva- vidas que agarra um náufrago seminu pelo cangote, arrasta-o até a
areia, deita-o, massageia seu peito
e faz uma respiração boca-a-boca.
"S.O.S. Malibu" é sucesso. Na
apresentação, as meninas (trabalhadoras) aparecem de maiô, em
linha, sugerindo ao onanista o tema do dia.
Entre elas, o rosto angelical e o
corpo demoníaco de Pamela Anderson.
Vídeo
Neste ano, numa história muito
mal contada, Anderson apareceu
num vídeo pornô caseiro, com seu
ex- marido Tommy Lee, fazendo o
diabo.
Em viagem de férias, os dois
acampam numa represa. Ela o filma. Ele a filma. A câmera treme. O
espectador também. Fumam, bebem, namoram e transam.
O "babaquinha" da vida polšitica
local é alta literatura comparado
aos "fuck me" e "suck me" da angelical Pamela Anderson.
Descobriu- se que a namoradinha da América é um vulcão. Não
se sabe direito como esse vídeo
apareceu.
Mas roda de mão em mão e estava na programação de vídeo erótico dos maiores hotéis de Nova
York, no último verão (no Hemisfério Norte).
Se, como dita o machismo, os homens querem uma santa que se
deite como uma prostituta, Anderson é o símbolo dessa mulher.
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