São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 2001

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ROCK MANIA


PROTESTO BRANDO
Rebeldes de última hora, artistas do elenco nacional deram de lembrar membros do "grupo dos seis" -O Rappa, Raimundos, Charlie Brown Jr., Jota Quest, Skank e Cidade Negra-, que deixaram o festival por se considerarem desprestigiados em relação ao elenco estrangeiro. No palco principal, Fernanda Abreu dedicou seu show a Marcelo Yuka, baterista do Rappa, que ainda se recupera dos tiros que levou no Rio, durante uma tentativa de roubo. Na Tenda Brasil, a banda Penélope emendou uma música do Clash com uma homenagem aos Raimundos. Aderir ao boicote proposto pelos colegas, ninguém quis.

TENDA-REFRIGERADOR
A ordem de sobrevivência nos dias do Rock in Rio tem sido a fuga do sol e do calor. O ar-condicionado tem potencializado o interesse pelos debates da Tenda Mundo Melhor. No sábado à tarde, pessoas se abanavam e marcavam encontros pelo celular, enquanto um grupo de jovens convidados discutia se a tecnologia trazia um mundo melhor, num debate recheado de expressões como "você vai poder estar aprendendo" e "vamos estar ajudando a buscar um mundo melhor". Do outro lado da Cidade do Rock, a grande sombra da Tenda Brasil desempenhava papel parecido. Mas ao início da apresentação instrumental de Márcio Montarroyos, dezenas de pessoas desistiram do refresco e bateram em retirada rumo aos quase 40 graus do gramado.

BLAU-BLAU RESSUSCITADO
O show de Sylvinho Blau-Blau, realizado ontem à tarde, foi dos mais movimentados na programação da Tenda Brasil. Muita gente ficou de fora. Os organizadores decidiram cortar o microfone para encerrar a apresentação, muito ovacionada pelo público. O hit "Meu Ursinho Blau-Blau", que o cantor emplacou com sua banda Absyntho no início dos anos 80, encerrou o show com uma performance na qual o veterano roqueiro Serguei surgiu na pele de um urso estraçalhado no palco. Ressuscitado, Sylvinho já foi sondado por gravadoras para retomar a carreira, que ele vinha tentando impulsionar em um esforço solitário. Está marcado para fevereiro o lançamento de seu CD independente "Tudo ou Nada". É esperar pra ver o resultado da aposta.

Hierarquia vip Ao fundo do gramado, duas grandes tendas com fartos "comes e bebes" dividiam o público vip de forma hierárquica. Na colocada à direita de quem chega à Cidade do Rock, ficam de atores da "Malhação" ao povo das gravadoras multinacionais. Na da esquerda, convidados da Unimed e elencos de artistas da música relegados a um segundo plano.

Saia justa
O presidente da gravadora líder no mercado brasileiro -Universal-, Marcelo Castelo Branco, conversava e observava o movimento na área vip, quando foi abordado por um rapaz que oferecia brindes. Era um cordão para prender o crachá de vip, repleto de logotipos da concorrente novata Trama. Castelo Branco aceitou o brinde, mas explicou: "Não, não vou usar, não. Vou levar. Não posso dizer não, seria mal-educado". E guardou imediatamente a concorrente no bolso.

Queima de estoque
Única gravadora a colocar na Cidade do Rock uma lojinha para vender seus próprios CDs, a Trama trabalhava no sufoco durante o sábado. Trouxe 30 mil exemplares de 150 títulos, dos quais vendeu 1.200 só no primeiro dia. Um funcionário de marketing ensinava a um comprador desavisado que Belle and Sebastian equivale "aos Carpenters do ano 2000", enquanto outro comemorava: "Jairzinho já esgotou!".

Axé vaiado
Na Tenda Brasil, a novata formação mineira Mary's Band (que promoveu uma redução em seu nome original, Mary's Band Juana, por temer que ele pudesse afugentar algum possível contrato) perguntou se o público estava cansado de rock e -mesmo diante do sonoro "não" coletivo- anunciou um axé. Vaia.


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