São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 2011 |
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Fernando Moreira Salles evoca o mar com minimalismo Em seu terceiro livro de versos, poeta, editor e empresário carioca exercita concisão, resultando num estilo que remete ao haicai DE SÃO PAULO Ante a vastidão inescrutável do oceano, Fernando Moreira Salles abraça o minimalismo em seu terceiro livro de poesia, "A Chave do Mar". Composta de 45 poemas, quase todos sintéticos, a obra mergulha no imaginário marinho, uma memória cara ao autor carioca e tornada aqui a sua "dicção de espuma". "Aprendi a nadar no posto 3, um momento marcante de liberdade e autonomia. E sempre tive medo da ilha Rasa", explica Moreira Salles, em entrevista por e-mail, sobre duas evocações trazidas à tona no livro. "Só/ neste mar/ dispo minha sombra/ Só/ neste mar/ sou outro/ que ela", escreve, em "Nu". Poeta, editor e empresário, o autor revela ter buscado "uma concisão mais radical" que a de seus livros de versos anteriores, "Ser Longe" (2003) e "Habite-se" (2005). É uma escrita que remete ao haicai: "Falso/ instante:/ nem espera/ nem adeus" ("A volta"); "Esse nada/ iníquo/ todo meu" ("Abismo"); "cada/ verso/ retrato/ reverso" ("Espelho"); "Antes/ do nada/ é tudo/ virtual" ("Contra Sartre"). Sobre a comparação, ele afirma: "Entendo que possa parecer assim. Sem a métrica severa, sem o rigor formal do haicai, tento dizer o que sinto com um mínimo de palavras". Porém ressalva: "Mas tento uma concisão não redutora, aberta ao leitor". Antes da poesia, o autor escreveu teatro, "Eu me Lembro" (1995) e "Entrevista" (1998). A primeira peça, levada aos palcos por Irene Ravache e por Paulo José, foi uma adaptação de "Memorando", escrito em parceria com Geraldo Mayrink (1942-2009). Filho mais velho do banqueiro e diplomata Walter Moreira Salles (1912-2001), irmão dos cineastas Walter Salles e João Moreira Salles (e do banqueiro Pedro), Fernando evita falar do que conduz a família à arte, mas celebra o traço que o une aos irmãos. "Não sei se entendo bem de onde nascem vocações. Sei que, no nosso caso, elas nos aproximam, nos mantêm muito próximos." Sócio da editora Companhia das Letras e diretor da empresa de mineração e metalurgia CBMM, Moreira Salles diz que "nunca há conciliação" entre o fazer poético e suas outras atividades, recordando Vinicius: "A poesia vem quando quer, anda onde há espaço". Questionado sobre a opção em publicar por sua própria editora, e não em outra casa, como preferem alguns autores-editores, afirma: "É meu ofício. Devo pedir a outro que o faça? Além disso, onde mais encontraria uma editora de poesia como Heloisa Jahn?". A CHAVE DO MAR AUTOR Fernando Moreira Salles EDITORA Companhia das Letras QUANTO R$ 35 (80 págs.) Texto Anterior: Painel das Letras: Tsunami literário Próximo Texto: Drauzio Varella: Germes e asma Índice | Comunicar Erros |
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