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LITERATURA
Livros do escritor de 52 anos tornaram-se best sellers na Inglaterra
Fantasia torna Pratchett campeão
JOSÉLIA AGUIAR
DE LONDRES
Nas mesmas ilhas onde reinam
J.R.R.Tolkien e seu "O Senhor dos
Anéis" e J.K. Rowling com a série
"Harry Potter", o maior escritor
de best sellers da década ocupa a
seção de livros de fantasia, mas
não tem iniciais no nome nem goza da mesma aclamação internacional -no Brasil, pode-se dizer
que é desconhecido.
Terry Pratchett, 52 anos, era um
jornalista do interior da Inglaterra
sem ambição literária que começou a escrever histórias nas horas
vagas para reforçar o orçamento.
Nos anos 80, iniciou uma coleção
de livros de fantasia que vendeu
como água no Reino Unido.
A sua série "Discworld", que já
chegou ao 25º título, supera hoje
os 19 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, segundo
a editora Doubleday. No seu
mundo imaginário, há políticos e
jornalistas como na vida real, mas
eles são bruxas, dragões, magos,
vampiros e bichos falantes.
Pratchett detém o título de autor contemporâneo de ficção
mais vendido da década no Reino
Unido. Um em cada cinco livros
comprados na WH Smith, maior
rede de livrarias britânica, é de autoria dele. A única tarde de autógrafos do lançamento de seu livro
mais recente, "The Truth", em
novembro passado, se arrastou
por cinco horas e 38 minutos.
Sucesso nas ilhas britânicas,
Pratchett é bem vendido na Alemanha, na Austrália e na Nova
Zelândia -o que o levou a concluir que "tem bom desempenho
em países que bebem cerveja".
"Tudo começou quando eu quis
colocar um pouco de humor em
alguns dos clichês de fantasia "heróica". E assim criei personagens
em um mundo fantástico que se
comportavam como pessoas
"reais". A partir daí, as histórias se
tornaram mais complexas", disse.
Não foi tão por acaso assim. Sabe-se que Pratchett gostava de escrever desde a adolescência. Aos
13 anos, vendeu a primeira história por 14 libras (equivale hoje ao
preço de um ingresso e meio de
cinema em Londres). Desde cedo,
devorava as obras da estante da
avó, um acervo que reunia nomes
que o influenciariam mais tarde,
como P.G. Wodehouse, Jerome
K. Jerome e G.K. Chesterton.
Pratchett conta que levou algum
tempo para concluir que, mesmo
com a popularidade, o gênero no
qual se encaixa é pouco considerado pelo "establishment" literário. "Tolkien é considerado um
tema já exaurido pelos críticos.
Em qualquer outro país haveria
uma estátua para ele."
Nos últimos anos, o autor tem
produzido um romance novo a
cada seis meses. Mal colocou
"The Truth" nas livrarias, prepara-se para lançar em maio deste
ano "The Thief of Time". Manter
a rotina para escrever é uma tarefa
árdua. Depois de alcançar "certo
sucesso", diz se sentir como se
"administrasse um negócio". "E
assim tudo conspira para roubar
seu tempo", explica.
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