São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2001

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LITERATURA

Livros do escritor de 52 anos tornaram-se best sellers na Inglaterra

Fantasia torna Pratchett campeão

JOSÉLIA AGUIAR
DE LONDRES

Nas mesmas ilhas onde reinam J.R.R.Tolkien e seu "O Senhor dos Anéis" e J.K. Rowling com a série "Harry Potter", o maior escritor de best sellers da década ocupa a seção de livros de fantasia, mas não tem iniciais no nome nem goza da mesma aclamação internacional -no Brasil, pode-se dizer que é desconhecido.
Terry Pratchett, 52 anos, era um jornalista do interior da Inglaterra sem ambição literária que começou a escrever histórias nas horas vagas para reforçar o orçamento. Nos anos 80, iniciou uma coleção de livros de fantasia que vendeu como água no Reino Unido.
A sua série "Discworld", que já chegou ao 25º título, supera hoje os 19 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, segundo a editora Doubleday. No seu mundo imaginário, há políticos e jornalistas como na vida real, mas eles são bruxas, dragões, magos, vampiros e bichos falantes.
Pratchett detém o título de autor contemporâneo de ficção mais vendido da década no Reino Unido. Um em cada cinco livros comprados na WH Smith, maior rede de livrarias britânica, é de autoria dele. A única tarde de autógrafos do lançamento de seu livro mais recente, "The Truth", em novembro passado, se arrastou por cinco horas e 38 minutos.
Sucesso nas ilhas britânicas, Pratchett é bem vendido na Alemanha, na Austrália e na Nova Zelândia -o que o levou a concluir que "tem bom desempenho em países que bebem cerveja".
"Tudo começou quando eu quis colocar um pouco de humor em alguns dos clichês de fantasia "heróica". E assim criei personagens em um mundo fantástico que se comportavam como pessoas "reais". A partir daí, as histórias se tornaram mais complexas", disse.
Não foi tão por acaso assim. Sabe-se que Pratchett gostava de escrever desde a adolescência. Aos 13 anos, vendeu a primeira história por 14 libras (equivale hoje ao preço de um ingresso e meio de cinema em Londres). Desde cedo, devorava as obras da estante da avó, um acervo que reunia nomes que o influenciariam mais tarde, como P.G. Wodehouse, Jerome K. Jerome e G.K. Chesterton.
Pratchett conta que levou algum tempo para concluir que, mesmo com a popularidade, o gênero no qual se encaixa é pouco considerado pelo "establishment" literário. "Tolkien é considerado um tema já exaurido pelos críticos. Em qualquer outro país haveria uma estátua para ele."
Nos últimos anos, o autor tem produzido um romance novo a cada seis meses. Mal colocou "The Truth" nas livrarias, prepara-se para lançar em maio deste ano "The Thief of Time". Manter a rotina para escrever é uma tarefa árdua. Depois de alcançar "certo sucesso", diz se sentir como se "administrasse um negócio". "E assim tudo conspira para roubar seu tempo", explica.


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