São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2002

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MÚSICA

De contrato assinado com a Trama, banda deseja fazer seu quinto CD tão forte quanto "Afrociberdelia", de 1996

Nação Zumbi prepara disco para meados de 2002

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Cinco anos depois do trágico acidente de carro que matou Chico Science, a Nação Zumbi prepara um disco, para meados de 2002, que deve marcar o retorno da banda ao primeiro escalão do pop nacional.
Depois de passagem bem-sucedida pela Sony, pela qual lançou o marcante "Afrociberdelia", a banda praticamente sumiu. Gravou um disco em 99 ("Rádio S.A.M.B.A") pela Y Brasil, na verdade uma produtora de publicidade, que teve pouquíssima distribuição pelo país.
O álbum acabou tendo mais destaque no exterior, onde foi lançado um ano depois. Vendeu entre Europa e EUA 15 mil cópias, quase o dobro das vendas no Brasil. "Recebemos mais grana de direito autoral do exterior do que do Brasil. É muito maluco", diz o guitarrista da Nação, Lúcio Maia, 30.
Banda mais representativa do movimento mangue beat, a Nação Zumbi preferiu continuar no Brasil mesmo quando percebeu que no exterior a coisa poderia ser mais fácil.
"Decidimos não entrar num "movimento Sepultura". Claro que é mais difícil ficar aqui, país onde tem até nota fiscal para o jabá de rádio... Mas resolvemos ficar e tentar mudar alguma coisa", diz.
De contrato assinado com a Trama, a Nação se diz mais amadurecida musicalmente. "Vai ser um disco muito forte, talvez tanto quanto o "Afrociberdelia'", adianta Maia.
Segundo ele, "98% das músicas" do disco estão prontas. "O Jorge [du Peixe" fez umas letras muito bacanas. Ele escreve de um jeito bem diferente do Chico, o que é interessante. Chico era quase panfletário, e o Jorge usa muitas metáforas", diz o guitarrista.
A banda vai entrar em estúdio no próximo mês de março. Se tudo correr como o planejado, o disco deve sair em junho.
Será o quinto álbum da banda, depois de "Da Lama ao Caos" (1994), "Afrociberdelia" (1996), "CSNZ" (1998) e "Rádio S.A.M.B.A" (1999).

Avenida Chico Science
Maia diz que, depois de morto, Chico Science foi transformado num mártir pelo povo de Recife. Na cidade, praça, avenida e túnel ganharam o nome do antigo vocalista da Nação Zumbi.
"Aconteceu uma coisa que fugiu do nosso meio. Mitificaram o Chico de um jeito que nem parece que se trata do mesmo cara com quem a gente tocava", avalia. "Tem gente que nem acredita que ele era meu amigo de infância."



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