São Paulo, sábado, 15 de fevereiro de 2003 |
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Fantasmas do cinema rondam "O Desfiladeiro do Medo", do inglês Clive Barker Cinzas de Hollywood
DIEGO ASSIS DA REPORTAGEM LOCAL Salto alto, vestidos elegantes, jóias, sorrisos e covinhas retocadas. Desta vez, nem a mais luxuosa das gargantilhas de brilhante vai impedir Clive Barker, 50, de revelar um dos segredos seculares da Cidade das Ilusões: o medo do fracasso e da solidão. Autor dos clássicos de horror "Hellraiser", "Candyman" e "Livros de Sangue", o escritor inglês, radicado há dez anos em Beverly Hills, coração da indústria cinematográfica americana, não economiza no verbo. "Hollywood é uma prostituta de cinco dólares", resume ele em "Desfiladeiro do Medo", seu mais novo romance, lançado no Brasil pela Bertrand. Misturando duas épocas do cinema, os anos 90 e os anos 20, Barker nos apresenta o fortão de meia-idade Todd Pickett e a estrela romena do cinema mudo Katya Lupi. Ele, astro de superproduções de nomes como "Gunner" e "Mighty Joe Young", teme que os pés-de-galinha e a barriguinha saliente lhe obriguem a passar a coroa a garotos como Tom Cruise e Leonardo Di Caprio. Ela, protagonista de "She Is Destruction" e "The Devil's Bride", teme a morte e o esquecimento. "É decepcionante quando você confronta seus ídolos com a realidade. Porque parte de mim e de você está fascinada, na verdade, pela imagem cinematográfica desses deuses e deusas de Hollywood", afirmou o escritor em entrevista à Folha. Folha - Em "Desfiladeiro do Medo" você parece oscilar momentos
de crítica e de adoração ao universo do cinema. Aonde quer chegar? Folha - Você cita nomes de diversos atores da vida real, como Tom
Cruise e Robert Downey Jr. Teve algum problema com isso? Folha - Rodolfo Valentino, Charlie Chaplin, Clara Bow, Louise
Brooks, Theda Bara... Você parece
não ter se preocupado em ser muito "gentil" com a imagem deles
também. |
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