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O melhor de Carmen
Ruy Castro divide a fase de ouro de Carmen Miranda em quatro CDs e mostra que ela foi além das célebres marchinhas de Carnaval
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de derrubar um cacho
de mitos sobre a cantora em
"Carmen - Uma Biografia", em
2005, Ruy Castro começa agora
a colar os cacos da discografia
de Carmen Miranda. Ele lança
hoje, na Fnac Morumbi, quatro
CDs com 64 faixas gravadas de
1935 a 1940, na Odeon. "É a fase
mais madura de Carmen. Ela
estava com total domínio de
suas capacidades", diz Castro.
O que torna atrativos os
CDs? A caixa que a EMI lançou
em 1996, com as mais de 120
gravações da Odeon, está fora
de catálogo; e, nas compilações
que há por aí, o critério predominante é o da obviedade.
Os lançamentos com a rubrica "Ruy Castro Apresenta..." fazem uma síntese das lacunas:
oferecem o melhor de Carmen
a um preço razoável (R$ 24 cada CD) e com as músicas divididas segundo conceitos claros.
"Carmen Canta Sambas" é o
primeiro do lote, lugar de honra que a ênfase de Castro ajuda
a explicar. "É para acabar com
essa história de que Carmen
era apenas uma cantora de
marchinhas. Ela foi uma grande cantora de sambas. No tempo em que o gênero estava em
formação e havia várias espécies de samba em embrião, explorou todas as vertentes e firmou muitas delas", diz.
Em "Os Carnavais de Carmen", estão sucessos de verão
da "carioca" nascida em Portugal, como "Duvi-d-o-dó" (Benedito Lacerda/João Barcellos), mas também um samba
sofisticado como "Camisa Listada" (Assis Valente).
"Carmen foi a cantora que
estabeleceu a marchinha. Você
não acha nenhuma cantora anterior a ela, com aquele peso,
gravando música de Carnaval."
Seu primeiro grande sucesso
foi a marchinha "Pra Você Gostar de Mim [Taí]", de 1930,
quando ela era da Victor, onde
ficou até 1935 -o acervo pertence hoje à Sony BMG.
Dois anos depois de ingressar
na Odeon, ela já era o mais popular e bem pago nome da música brasileira. Foi então que
assumiu a condição de estrela
principal do Cassino da Urca.
"Ela foi mais importante para o
cassino do que o contrário.
Mas, ao mesmo tempo, o cassino lhe deu outra dimensão como cantora. Era uma platéia
mais exigente, que a obrigou a
um refinamento", diz Castro.
Não há registros ao vivo em
"Carmen no Cassino da Urca",
e sim músicas que ela certamente cantava nas apresentações. "Você tem a ilusão de que
está vendo um show da Carmen na Urca", supõe Castro.
Ary supera Assis
Também estão no CD aquelas especialmente compostas
para Carmen responder, em setembro de 1940, à frieza com
que foi recebida no mesmo cassino dois meses antes, após seu
primeiro período nos EUA:
"Voltei pro Morro" e "Disseram
que Eu Voltei Americanizada".
O quarto CD, "Carmen Canta
Ary Barroso", reúne todas as 16
músicas de Ary que ela gravou
na Odeon. "Ao contrário do que
muita gente pensa, não é Assis
Valente o compositor mais gravado por Carmen, mas Ary. Por
pouco: 30 a 24", diz Castro.
Ele procura fazer nos discos
o que realizou em dimensão
maior no livro: mostrar que
Carmen é muito mais do que
um turbante de frutas e um par
de saltos plataforma -até porque a "baiana" estilizada só surgiu em 1938, quando a cantora
já estava consagrada aqui.
"Ela é a mulher mais imitada
da história, mais até que Marilyn Monroe, que era mais difícil. Mas ela é muito mais complexa e rica do que a imagem
que temos dos filmes americanos. Existe uma Carmen mais
real."
RUY CASTRO APRESENTA...
Gravadora: EMI
Quanto: R$ 24 cada um dos quatro CDs
ENCONTRO COM RUY CASTRO
Quando: hoje, às 19h
Onde: Fnac - Morumbi Shopping (av. Roque Petroni Jr., 1.089, 0/xx/11/3206-2000)
Quanto: entrada franca
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