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Foco
Musa do YouTube, 72, vira estrela da noite "Tapa na Pantera", no clube A Lôca
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Todo mundo que vai ao clube A Lôca, na Bela Vista (região central de São Paulo),
mostra a identidade na porta.
Menores não podem entrar.
Uma vez lá dentro, os clientes são revistados por seguranças. Num segundo ambiente, a hostess divide um cigarro com um transformista e
entrega as comandas de consumo. Em seguida, um tipo de
hall prenuncia o bar: um buraco na parede é a chapelaria,
e as luzes coloridas de um fliperama iluminam o rosto de
um capeta de gesso, pintado
de forma a imitar bronze.
É bem debaixo desse capeta
que a atriz Maria Alice Vergueiro, na noite de terça, dia
13, faz sua "volta ao underground". Fica ali sentada em
uma cadeira rococó, de 0h às
2h, recebendo os convidados
de mais uma edição da festa
semanal de rock e pop "Tapa
na Pantera". Iniciada no fim
de 2006, a festa foi batizada
com o nome do vídeo que virou fenômeno no YouTube ao
mostrar a atriz como uma senhora que fuma maconha há
30 anos "sem se viciar".
Maria Alice, 72, parece uma
Mamãe Noel de shopping colocando seus "netinhos", como ela define, no colo, tirando fotos, conversando. Tem
os cabelos tingidos de vermelho e usa batom vermelho,
um longo preto e colar de pérolas. Na mesa ao lado, um cachimbo e uma garrafa d'água.
"Sempre freqüentei essas "caves", esses undergrounds da
vida, em que até a polícia entra desarmada para se divertir", diz a atriz.
Para ela, o clube A Lôca
lembra o Madame Satã dos
anos 80, casa noturna em que
esteve algumas vezes, freqüentada por gente considerada transgressora. É de lá
que resgata, pela lembrança,
uma performance realizada
em parceria com Magali Biff
-depois de um confronto
corporal, as atrizes acabavam
nuas dentro de uma banheira,
trocando beijos. "Era um lugar parecido com este, ao qual
as pessoas iam para ser o que
eram e se divertir", lembra.
Às 2h, Maria Alice vai até a
pista de dança. A música pára.
Sobre o palco, geralmente
usado em shows de drag
queens, a atriz é apresentada
por Michael Love, transformista residente que, por ser
vesgo, diz, "vê o mundo de
uma vez só". Costuma ter cabelos pretos, mas está loiro.
Ao lado dele, Maria Alice
empunha o microfone: "Nunca vou esquecer essa homenagem. Vocês não sabem como é importante para mim
voltar ao mundo da subversão. Num dia, a gente vive a
juventude. No outro, a juventude vive a gente". É papo de
vovó mesmo. E os netinhos
aplaudem, emocionados.
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