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Em minissérie, Brasil e Portugal reveem heranças
A paulista TV Cultura e a portuguesa RTP lançam em abril "Lá e Cá", que discute as influências entre os dois países
Em 13 episódios, programa reúne entrevistas com anônimos e famosos expondo diferenças sem linguagem acadêmica
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
Lá é Portugal, cá é o Brasil.
Ou vice-versa. Vai depender de
que lado do Atlântico estiver a
pessoa assistindo a "Lá e Cá". O
programa é uma parceria entre
a TV Cultura e a Rádio e Televisão de Portugal (RTP).
A estreia vai ser no dia 25 de
abril, data importante para os
portugueses, já que marca as
comemorações da Revolução
dos Cravos, quando a ditadura
salazarista caiu sem derramamento de sangue, em 1974.
"A TV Cultura nos presenteou com um dia tão especial
para nós, mesmo que não signifique nada no Brasil", diz Jorge
Wemans, diretor da RTP2.
O projeto aborda as influências de Portugal a partir de alguns eixos temáticos e da mediação dos jornalistas Paulo
Markun e Carlos Fino.
"Há uma reclamação dos
portugueses de que o Brasil não
valoriza a herança vinda de lá.
Eu faço o contraponto, de mostrar que ela é tão óbvia que às
vezes não é explicitada, o que
não quer dizer que não seja importante", defende Markun.
O programa, dividido em 13
episódios, foi gravado entre a
casa de Markun em Santo Antônio de Lisboa -comunidade
fundada por açorianos em Florianópolis-, e a de Fino, em
Fronteira, no Alto Alentejo.
"A gente vai mostrar como
um lado conhece pouco do outro", explica Markun. "Para
mim, foi interessante notar como Lisboa é uma capital miscigenada, negra e dinâmica."
A série não terá tom professoral. "Pelo contrário. Não é aula de sociologia nem uma coleção de abobrinhas", diz Markun. Os temas navegam entre o
pop e a história, passando por
culinária, arquitetura e até
stand-up, sempre com humor.
Wemans diz que é "como se
fosse uma conversa de bar sem
a pinga". "Os dois [Markun e
Fino] ficam se "picando" durante o programa. É honesto, sem
pintar os problemas de cor-de-rosa. Não era nossa intenção
ser politicamente correto."
Os capítulos misturam enquetes populares e entrevistas
via chat com personalidades.
Há os músicos Tom Zé e Fafá
de Belém, o escritor angolano
Ondjaki, além de historiadores.
Após a estreia, a íntegra dessas
conversas vai estar no site da
TV Cultura.
"Lá e Cá" demorou seis anos
para ser feito, desde a vinda de
Fino ao Brasil para falar da cobertura de guerra que fez no
Iraque. A produção custou cerca de R$ 2 milhões.
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