São Paulo, segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

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Em minissérie, Brasil e Portugal reveem heranças

A paulista TV Cultura e a portuguesa RTP lançam em abril "Lá e Cá", que discute as influências entre os dois países

Em 13 episódios, programa reúne entrevistas com anônimos e famosos expondo diferenças sem linguagem acadêmica

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

Lá é Portugal, cá é o Brasil. Ou vice-versa. Vai depender de que lado do Atlântico estiver a pessoa assistindo a "Lá e Cá". O programa é uma parceria entre a TV Cultura e a Rádio e Televisão de Portugal (RTP).
A estreia vai ser no dia 25 de abril, data importante para os portugueses, já que marca as comemorações da Revolução dos Cravos, quando a ditadura salazarista caiu sem derramamento de sangue, em 1974.
"A TV Cultura nos presenteou com um dia tão especial para nós, mesmo que não signifique nada no Brasil", diz Jorge Wemans, diretor da RTP2.
O projeto aborda as influências de Portugal a partir de alguns eixos temáticos e da mediação dos jornalistas Paulo Markun e Carlos Fino.
"Há uma reclamação dos portugueses de que o Brasil não valoriza a herança vinda de lá. Eu faço o contraponto, de mostrar que ela é tão óbvia que às vezes não é explicitada, o que não quer dizer que não seja importante", defende Markun.
O programa, dividido em 13 episódios, foi gravado entre a casa de Markun em Santo Antônio de Lisboa -comunidade fundada por açorianos em Florianópolis-, e a de Fino, em Fronteira, no Alto Alentejo.
"A gente vai mostrar como um lado conhece pouco do outro", explica Markun. "Para mim, foi interessante notar como Lisboa é uma capital miscigenada, negra e dinâmica."
A série não terá tom professoral. "Pelo contrário. Não é aula de sociologia nem uma coleção de abobrinhas", diz Markun. Os temas navegam entre o pop e a história, passando por culinária, arquitetura e até stand-up, sempre com humor.
Wemans diz que é "como se fosse uma conversa de bar sem a pinga". "Os dois [Markun e Fino] ficam se "picando" durante o programa. É honesto, sem pintar os problemas de cor-de-rosa. Não era nossa intenção ser politicamente correto."
Os capítulos misturam enquetes populares e entrevistas via chat com personalidades. Há os músicos Tom Zé e Fafá de Belém, o escritor angolano Ondjaki, além de historiadores. Após a estreia, a íntegra dessas conversas vai estar no site da TV Cultura.
"Lá e Cá" demorou seis anos para ser feito, desde a vinda de Fino ao Brasil para falar da cobertura de guerra que fez no Iraque. A produção custou cerca de R$ 2 milhões.


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