São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2007

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Livro e DVD reacendem o culto a Frank Zappa

Músico é relembrado em depoimentos e tem dois álbuns dissecados em disco

Obra organizada por Fabio Massari traz as duas entrevistas concedidas pelo cantor americano a jornalistas brasileiros


Reprodução do livro "Detritos Cósmicos"
Desenho de Angeli que está no livro "Detritos Cósmicos"


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Frank Zappa era um tremendo chato. Fez músicas que até hoje ninguém entende, usando os piores elementos do rock progressivo, do psicodelismo, da surf music, do jazz, do soul.
Suas letras, muitas delas esotéricas, malucas, são incompreensíveis para alguém que não usa drogas. E ainda batizou os filhos como Dweezil, Ahmet Emuukha Rodan, Moon Unit e Diva Thin Muffin Pigeen.
Para rechaçar esse tipo de argumento (bem, sobre os nomes não há nada a fazer), os zappamaníacos brasileiros ganham o reforço de um livro e um DVD.
O livro é "Detritos Cósmicos", organizado pelo jornalista e radialista Fabio Massari, com depoimentos de André Christovam, Arthur Veríssimo, Fernando Bonassi, Wander Wildner e traços de Caco Galhardo, Allan Sieber, entre outros fãs de Frank Zappa (1940-93), além das duas entrevistas concedidas pelo norte-americano a jornalistas brasileiros.
O DVD é pertencente à série "Classic Albuns", da ST2. Em abril, o selo coloca nas lojas uma edição especial com entrevistas e bastidores sobre a gravação de dois discos fundamentais: "Over-Nite Sensation" (73) e "Apostrophe (')" (74).
"É uma missão zappeana", brinca Massari, sobre seu projeto. "De um lado, o Zappa sofre daquele preconceito "não ouvi e não gostei". Por outro, há aqueles que se tornam fanáticos apenas com dois ou três discos.
Ninguém passa batido por ele." Compositor, músico, ativista, crítico social, diretor de cinema, pré-candidato independente à Presidência dos EUA, Frank Zappa fazia muita coisa, e sua música tinha muita coisa: free-jazz, rock, sexo, sarcasmo.
Até hoje é reverenciado como um dos mais diferenciados e idiossincráticos artistas do século 20. "Recebo muitos e-mails de garotos de 14 anos, por exemplo, dizendo que na primeira vez que ouviram um disco de Frank, eles o entenderam completamente. Sua música ainda hoje atinge os jovens de maneira visceral", conta à Folha Gail Zappa, que foi casada com Zappa de 1967 até a morte do autor de "Joe's Garage".
A influência de Zappa, reflete Gail, está por toda a parte: "Toda vez que você vir um "frontman" pulando do palco à platéia, isso é Frank Zappa; quando vir um cantor conduzindo uma banda de rock como se fosse uma orquestra, aquilo é Frank Zappa".
Defensor das liberdades individuais e autodefinido como conservador politicamente, Zappa era uma contradição.
"Ele fez um pouco de tudo do jeito dele, subvertendo os formatos estabelecidos. Na época do psicodelismo, ele fazia rock psicodélico, mas ao mesmo tempo criticava aquelas bandas. Era um compositor norte-americano que tinha uma relação de amor e ódio com os EUA", afirma Massari.
"Ele era conservador, mas não era republicano. Ele tinha problemas com questões morais. Na verdade, achava que o governo não deveria se intrometer em questões morais da sociedade", diz Gail, que chegou a fazer fervorosa campanha para Bill Clinton.

DETRITOS CÓSMICOS
Organizador:
Fabio Massari
Editora: Conrad
Quanto: R$ 38

APOSTROPHE (')/ OVER-NITE SENSATION
Artista:
Frank Zappa
Lançamento: ST2
Quanto: preço a definir (nas lojas em abril)


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