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Coleção Folha reúne 20 clássicos do cinema
Série de filmes será lançada no próximo domingo com "... E O Vento Levou'
Além do DVD, coleção traz livro sobre a história de cada filme; "Casablanca" e "O Falcão Maltês" estão entre os próximos volumes
DA REPORTAGEM LOCAL
Vinte filmes produzidos por
Hollywood entre 1932 e 1967,
representantes legítimos da
força do cinema americano em
seu período mais rico, formam
a Coleção Folha Clássicos do
Cinema, que será lançada no
próximo domingo, 22.
Quando vistas em conjunto,
as obras da coleção oferecem
um panorama do complexo
funcionamento da fábrica de
sonhos hollywoodiana. Se o objetivo maior era a busca pelo lucro e controle absoluto da produção, Hollywood trazia em
sua estrutura brechas intrínsecas para a criação e a expressão
autoral dos talentos envolvidos, que alimentavam e renovavam a máquina produtiva.
Quase todos os títulos da coleção -que, além do DVD, traz
para cada filme um livro com
sua história e imagens, biografia do diretor e elenco e comentários dos críticos da Folha-
foram sucessos de bilheteria e,
ainda que boa parte tenha sido
desprezada pela crítica da época, com o tempo ganhou o status de "clássico".
Trabalhando a partir de gêneros de grande aceitação do
público, alimentando um modelo que transformava atores
em celebridades e ídolos e contratando diretores de diversos
estilos e nacionalidades, a indústria do cinema americano
se firmou como um sistema fechado e até cruel. Mas capaz de
produzir com grande intensidade e qualidade.
A base de seu funcionamento
está na combinação da visão
comercial do produtor, a popularidade dos atores e a visão artística dos diretores, mas, longe
de trazer estabilidade, esse tripé gerava tensões que garantiam, justamente, a vitalidade
do conjunto da produção.
O título inaugural da coleção
é um grande exemplo da importância do produtor nesse
processo. Talvez o filme que
melhor atenda à definição de
clássico hollywoodiano, "... E o
Vento Levou" é fruto da obstinação absoluta de David O.
Selznick. Apesar de ter a direção assinada por Victor Fleming, pelo menos outros dois
cineastas assumiram o comando do set: George Cukor, demitido no começo das filmagens,
e Sam Wood, que assumiu os
trabalhos quando Fleming sofreu uma estafa.
Outro produtor de grande visão foi Arthur Freed, do departamento de musicais da MGM,
responsável pelo terceiro título
da coleção: "Cantando na Chuva", de Stanley Donen e Gene
Kelly, eterno frequentador da
lista dos melhores filmes de todos os tempos.
Oscar
Filmes como "Pacto Sinistro", de Alfred Hitchcock, "O
Falcão Maltês", de John Huston, "Rastros de Ódio", de John
Ford, "Uma Aventura na Martinica", de Howard Hawks,
"Sinfonia em Paris", de Vincente Minnelli, "Os Doze Condenados", de Robert Aldrich, e
"Sete Noivas para Sete Irmãos", de Stanley Donen, são
exemplos da potência criativa
dos diretores que serviram a
Hollywood. Mas a coleção também traz exemplos da força do
puro espetáculo ("A Volta ao
Mundo em 80 Dias", de Michael Anderson), do artesanato
perfeito ("As Aventuras de Robin Hood", de Michael Curtiz),
e da rígida carpintaria dramatúrgica ("Gata em Teto de Zinco Quente", de Richard
Brooks).
Não por acaso, boa parte dos
filmes da coleção ganhou o Oscar. Em 1927, com o objetivo de
angariar prestígio para uma atividade que ainda era vista com
desprezo pelos formadores de
opinião, o executivo Louis B.
Mayer convocou seus colegas
para fundar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Entre outras
funções, a Academia organizou
o prêmio que se tornaria uma
das principais ferramentas de
promoção de filmes americanos -uma estratégia que deu
certo e se mantém firme até hoje, ainda que o cinema americano tenha se transformado profundamente.
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