São Paulo, domingo, 15 de março de 2009

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Coleção Folha reúne 20 clássicos do cinema

Série de filmes será lançada no próximo domingo com "... E O Vento Levou'

Além do DVD, coleção traz livro sobre a história de cada filme; "Casablanca" e "O Falcão Maltês" estão entre os próximos volumes


DA REPORTAGEM LOCAL

Vinte filmes produzidos por Hollywood entre 1932 e 1967, representantes legítimos da força do cinema americano em seu período mais rico, formam a Coleção Folha Clássicos do Cinema, que será lançada no próximo domingo, 22.
Quando vistas em conjunto, as obras da coleção oferecem um panorama do complexo funcionamento da fábrica de sonhos hollywoodiana. Se o objetivo maior era a busca pelo lucro e controle absoluto da produção, Hollywood trazia em sua estrutura brechas intrínsecas para a criação e a expressão autoral dos talentos envolvidos, que alimentavam e renovavam a máquina produtiva.
Quase todos os títulos da coleção -que, além do DVD, traz para cada filme um livro com sua história e imagens, biografia do diretor e elenco e comentários dos críticos da Folha- foram sucessos de bilheteria e, ainda que boa parte tenha sido desprezada pela crítica da época, com o tempo ganhou o status de "clássico".
Trabalhando a partir de gêneros de grande aceitação do público, alimentando um modelo que transformava atores em celebridades e ídolos e contratando diretores de diversos estilos e nacionalidades, a indústria do cinema americano se firmou como um sistema fechado e até cruel. Mas capaz de produzir com grande intensidade e qualidade.
A base de seu funcionamento está na combinação da visão comercial do produtor, a popularidade dos atores e a visão artística dos diretores, mas, longe de trazer estabilidade, esse tripé gerava tensões que garantiam, justamente, a vitalidade do conjunto da produção.
O título inaugural da coleção é um grande exemplo da importância do produtor nesse processo. Talvez o filme que melhor atenda à definição de clássico hollywoodiano, "... E o Vento Levou" é fruto da obstinação absoluta de David O. Selznick. Apesar de ter a direção assinada por Victor Fleming, pelo menos outros dois cineastas assumiram o comando do set: George Cukor, demitido no começo das filmagens, e Sam Wood, que assumiu os trabalhos quando Fleming sofreu uma estafa.
Outro produtor de grande visão foi Arthur Freed, do departamento de musicais da MGM, responsável pelo terceiro título da coleção: "Cantando na Chuva", de Stanley Donen e Gene Kelly, eterno frequentador da lista dos melhores filmes de todos os tempos.

Oscar
Filmes como "Pacto Sinistro", de Alfred Hitchcock, "O Falcão Maltês", de John Huston, "Rastros de Ódio", de John Ford, "Uma Aventura na Martinica", de Howard Hawks, "Sinfonia em Paris", de Vincente Minnelli, "Os Doze Condenados", de Robert Aldrich, e "Sete Noivas para Sete Irmãos", de Stanley Donen, são exemplos da potência criativa dos diretores que serviram a Hollywood. Mas a coleção também traz exemplos da força do puro espetáculo ("A Volta ao Mundo em 80 Dias", de Michael Anderson), do artesanato perfeito ("As Aventuras de Robin Hood", de Michael Curtiz), e da rígida carpintaria dramatúrgica ("Gata em Teto de Zinco Quente", de Richard Brooks).
Não por acaso, boa parte dos filmes da coleção ganhou o Oscar. Em 1927, com o objetivo de angariar prestígio para uma atividade que ainda era vista com desprezo pelos formadores de opinião, o executivo Louis B. Mayer convocou seus colegas para fundar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Entre outras funções, a Academia organizou o prêmio que se tornaria uma das principais ferramentas de promoção de filmes americanos -uma estratégia que deu certo e se mantém firme até hoje, ainda que o cinema americano tenha se transformado profundamente.


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