São Paulo, domingo, 15 de março de 2009

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Crítica

Diretor argentino filma sem frescuras

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Ninguém pense que em outros países a situação é muito diferente da nossa: em matéria de cinema, todo mundo briga por verbas e espaço.
Na Argentina, no início do século 21, não era diferente. De um lado, havia o que se convenciona chamar "a indústria", o filme de maior alcance popular, o cinema comercial. De outro, o filme dito "independente", facção de que faz parte "O Abraço Partido" (TC Cult, 0h10; classificação: não recomendado a menores de 12 anos).
O que mais chamava a atenção nos números é que a proporção de espectadores entre o filme comercial e o "de arte" era de cinco ou seis para um. É uma relação saudável, pois espera-se que uma comédia como "Nove Rainhas" dê mais público que a história de um jovem judeu de Buenos Aires que deseja conhecer o pai, que deixou a casa para lutar na Guerra do Yom Kippur. Estranho destino, o do povo de Israel: primeiro, a diáspora. Depois, o retorno a uma pátria vivido como perda.
Daniel Burman filma com muita câmera na mão, sistema econômico e dinâmico, sem frescuras esteticistas: é eficaz e sensível, embora não seja um tremendo cineasta, tipo Lucrecia Martel.
Seria desejável que o Brasil pudesse ter uma relação parecida entre filmes de maior e menor apelo popular, sem oscilar entre filmes para 5 milhões de espectadores e outros para 5.000. Como chegar a isso ainda é um enigma.


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