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MÚSICA VIGIADA
Execução paga de canções é importante fonte de receita das emissoras, que sofrem fuga de anunciantes
Rádios e gravadoras devem se opor a projeto
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto de lei que pretende
criminalizar o jabá (execução paga de músicas) deverá enfrentar a
oposição de empresários das rádios e gravadoras. Esse tipo de
operação representa hoje importante fonte de receita para a maioria das emissoras, que encontram
dificuldades cada vez maiores na
busca por anunciantes.
"[O jabá] é uma das saídas que
as rádios foram buscar em razão
da crise no mercado publicitário.
E os políticos, em vez de pensar
em uma maneira de colocar mais
dinheiro no setor, pensam em tirá-lo", disse Antonio Rosa Neto,
presidente do GPR (Grupo dos
Profissionais do Rádio), ao ser informado pela Folha do projeto.
A participação do rádio na divisão de todo o dinheiro investido
em publicidade no Brasil vem
caindo anualmente. Hoje, não
passa de 5%, enquanto a TV concentra quase 60%, segundo o Inter-Meios (que monitora os veículos de comunicação do país).
Para Rosa Neto, a idéia de criminalizar o jabá é "absolutamente
impertinente e indevida". "Se o
objetivo é prestigiar a cultura, o
Estado deveria criar escolas de arte. Música é, antes de mais nada,
negócio, entretenimento", diz.
Ele afirma acreditar que a lei
não seria eficiente para barrar a
prática do jabá. "Como o governo, que não é sequer capaz de coibir as emissoras piratas, poderia controlar as músicas, averiguando se houve ou não pagamento?"
Gravadoras
Na indústria fonográfica, vigora
o silêncio em torno do tema. A
ABPD (Associação Brasileira dos
Produtores de Discos), que congrega as gravadoras, afirma não
ter como se posicionar porque o
projeto de lei ainda não existe.
Profissionais de gravadoras evitam o termo "jabá", até porque jamais uma gravadora admitiu publicamente a existência desse tipo
de comércio de música.
Assim se manifesta, por exemplo, o executivo Marcos Maynard,
que participou de estouros comercias como o RPM e a axé music e alçou a recentemente extinta
Abril Music ao topo da parada:
"Jabá é uma palavra muito feia e
dura, porque mostra um ranço
que pertence ao passado. Não
existe mais jabá. O que existe são
análises e investimentos de marketing que as gravadoras fazem.
Tudo faz parte da promoção".
Outro alto executivo de gravadora, que não quis se identificar,
afirma que só ouve falar em jabá,
mas nunca viu acontecer.
Ele diz que o deputado que propõe a lei de criminalização é "antigo" e não sabe como funciona a
indústria fonográfica atualmente.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES E LAURA MATTOS)
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