|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Química" dos casais preocupa autor de novela
Globo não testou sintonia de casal de "Paraíso" antes da estréia; já Record fez a prova com par de "Vidas Opostas"
Gilberto Braga elogia Fábio Assunção e Alessandra Negrini, mas admite que os "ótimos" Marcos Palmeira e Malu Mader não deram liga
DA REPORTAGEM LOCAL
Gilberto Braga, autor de "Paraíso Tropical", acha que os
protagonistas da novela, Fábio
Assunção e Alessandra Negrini,
têm, sim, a tal da "química".
O novelista não vê "como explicar racionalmente" esse fenômeno, que, acredita ele, tem
a ver tanto com os atores quanto com os personagens.
Segundo Braga, essa é uma
das grandes preocupações dos
autores ao pensar nos papéis e
escalar o elenco. "Claro que
pensamos muito nisso", diz.
O autor conta que nunca fez
testes com os atores para avaliar antecipadamente a química. "No meu caso, vamos na intuição". E ela falhou, ele admite, em "Celebridade", sua novela anterior. "Um casal que não
tinha química era Maria Clara
[Malu Mader] e Fernando
[Marcos Palmeira]. Ótimos
atores, ótimos personagens, e
não houve química. Isso mostra que não há como definir a
química", pondera.
Mas há como disfarçar a ausência dela, de acordo com a
atriz Bruna Lombardi. "Existem atores que têm o "métier"
tão apurado que conseguem
driblar a falta de química."
Mas quando a química rola,
"ajuda muito", conta Bruna.
Aconteceu com ela, na novela
"Aritana" (Tupi, 1978). "Quando conheci o Ri [o ator Carlos
Alberto Riccelli, seu marido], a
química foi muito produtiva."
A atriz diz que "a química altamente produtiva é aquela em
que o cara [diretor] fala "corta",
e o casal continua se beijando.
É até um excesso. Não é necessário, mas pinta uma coisa."
Ricardo Linhares, também
autor de "Paraíso Tropical",
conta que a pesquisa com os
grupos de telespectadores feita
pela Globo apontou que não há
críticas ao casal principal.
"Alessandra e Fábio têm excelente química", afirma.
O espectador mostrou também ter curiosidade para saber
como seria a relação entre Daniel e Taís, irmã gêmea de Paula. Será que a química entre Assunção e Negrini-má dá mais
faísca do que a entre Assunção
e Negrini-boa? O "triângulo de
dois" foi antecipado para alavancar a audiência e deve ter
início ainda nesta semana.
Prova de química
Linhares diz que autores e diretores pensam nisso antes de
escalar elenco, mas "novela não
é uma ciência exata". "Um casal
pode ter química num trabalho
e não ter em outro. Depende
dos personagens e da história."
De acordo com Linhares, na
TV brasileira não há tradição
em testes para avaliar a química dos mocinhos e mocinhas.
"Isso poderia ser visto como
prova de talento, tanto por parte dos artistas como da imprensa. Se saísse em uma revista que
fulana não teve química com sicrano, eles correriam o risco de
ter sua capacidade posta em
dúvida. No entanto, esse processo nada tem a ver com carisma ou experiência."
Já Marcílio Moraes, ex-Globo e autor de "Vidas Opostas",
novela da Record que tem registrado ibope surpreendente,
conta ter realizado "prova de
química" para definir os atores
que fariam o casal central.
Apesar da presença de veteranos e ex-globais no elenco, os
papéis principais ficaram com
os iniciantes Léo Rosa e Maytê
Piragibe. "No teste, de imediato, eu e os diretores percebemos que eles tinham "química".
Estávamos certos", afirma.
Para ele, "é muito difícil, se
não impossível, explicar o que é
"química'". "Tem a ver com os
mistérios do amor. Por que
uma pessoa nos atrai e outra
não? Está além da nossa vontade e da nossa compreensão."
Manoel Carlos concorda.
"Esse negócio de química é
complicado porque, na maioria
das vezes, só se descobre a ausência dela com a novela no ar.
Quem entende disso é o público, e não adianta contrariá-lo,
dando a atores e atrizes papéis
inadequados a seus perfis."
Apesar das críticas ao casal
formado por Sônia Braga e Edson Celulari em "Páginas da Vida", trama de sua autoria que
saiu do ar no mês passado, ele
disse: "Entre as minhas novelas, não me lembro de nenhum
caso notório de rejeição a um
casal por falta de química, mas
posso estar esquecido".
Vida real
J.B. de Oliveira, o Boninho,
também tem de se preocupar
com a formação de casais ao escalar um elenco para o "Big
Brother Brasil", cuja edição
tem um quê de novela. "Não é
possível antecipar se haverá casais e quais serão, mas procuramos geralmente por solteiros e
aí é questão de tempo. Bonitos,
alegres, soltos e carentes. Alguém fica com alguém", disse o
diretor do "reality show".
Para ele, "antes de mais nada,
química é fundamental, e o telespectador é muito crítico
quanto a isso". "Casal sem sal
não cola. Na novela, depende
fundamentalmente da escalação para parecer real e emocionar. Já no "BBB", tem que ter algo real para não parecer armação entre os participantes."
De todas as sete edições, o casal com mais química, em sua
opinião, é Alemão e Siri, do
"BBB 7". "Já os que não convenceram: Tarciana e Jeferson
pagodeiro ["BBB 2'], Rogério e
Solange "Iuarnuou" ["BBB 4'].
Esses foram péssimos."
(LAURA MATTOS E SILVANA ARANTES)
Texto Anterior: Autora é a "Sharon Stone" do jornalismo Próximo Texto: Especialistas explicam o que gera a "faísca" Índice
|