São Paulo, domingo, 15 de abril de 2007

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Crítica

Herzog apresenta romântico radical

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Timothy Treadwell era um ecologista. Talvez não seja essa a melhor palavra para designar alguém que, entre 1990 e 2003, passou boa parte de sua vida com os ursos de um parque nacional no Alasca, procurou entendê-los, protegê-los dos homens. Sua intimidade chegava ao ponto de, a cada retorno, chamá-los pelo nome.
Treadwell era também um cineasta. Registrava suas incursões meticulosamente. Um homem desses, obsessivo e próximo da natureza, por si só já chamaria a atenção de Werner Herzog. Como Treadwell morreu em 2003, devorado por um urso, "O Homem Urso" (Discovery, 22h) é o resultado do completo fascínio do cineasta alemão por seu objeto.
Como se sabe, com Herzog é sempre difícil distinguir o autor e o objeto, tanto ele consegue incorporá-lo e tornar-se seu intérprete. Essa tendência se manifesta de modo pleno em "Homem Urso", já que boa parte, talvez o essencial, das filmagens vem de Treadwell.
Isso não quer dizer que coube a Herzog um papel secundário. Sem Herzog, nosso herói não passaria de um amalucado protetor de animais selvagens. É Werner Herzog que encontrará nele o romântico radical capaz de preferir a convivência de animais selvagens à de seus semelhantes.
"O Homem Urso" revela em Treadwell um notável personagem. Melhor que isso, traz de volta, e em forma, o notável cineasta Herzog.


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