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EXPOSIÇÕES
Geiger traz constelações ao MAM
CASSIANO ELEK MACHADO
da Redação
Assim como as constelações, cujas estrelas formam um conjunto
apesar de terem nascido em tempos diferentes, chegam ao Museu
de Arte Moderna de São Paulo as
obras que Anna Bella Geiger criou
ao longo dos últimos 40 anos.
Como nos conjuntos de estrelas,
são linhas imaginárias que unem
as 150 obras em exposição a partir
de hoje.
Para Geiger, arte só existe como
decorrência de conceitos, e a mostra "Constelações" evidencia que,
apesar de buscar novos conceitos
paulatinamente, a artista mantém
uma coerência poética.
Por trás da imensa diversidade
de técnicas -trabalha com gravuras, pinturas, instalações, fotografias, xerografias...-, não está a
dispersão, mas uma necessidade
de atingir conceitos muito específicos independentemente de seus
meios de expressão.
"Não sou nada dispersa. Sou como uma mula com dois antolhos
-peças de matéria opaca que limitam a visão-, que apenas pensa na obra", brinca a artista.
Primeiro Geiger desenvolve a
"utopia da idéia" que quer atingir
-em processo que dura meses-,
para depois se preocupar com a
realização.
"Sou meio destruidora do que
eu domino", diz a respeito da
constante mudança de técnicas.
O renomado crítico Mário Pedrosa, que "descobriu" a artista
nos anos 60, escreveu sobre Anna
Bella Geiger: "Eis uma gravadora
quase que insatisfeita -fato inédito- com seu nobilíssimo métier".
A artista explica essa sua "camaleonice" de forma bem-humorada:
"Tenho algo como uma luz vermelha que sempre me acende
quando a coisa começa a ficar em
uma perfeição voyeurista".
A luz parece acender tantas vezes
que ela diz: "Todas essas diferenças em mim fazem com que eu seja
4 ou 5 pessoas, mas sou eu".
Sem pretensões de fazer uma linearidade cansativa da produção
da artista, o curador Fernando
Cocchiarale montou a exposição
tentando preservar afinidades internas das obras, mantendo uma
cronologia com licenças.
Logo na entrada está a produção
mais recente da artista: pinturas da
década de 80 e "fronteiriços", instalações dos anos 90 com gavetas
de ferro e encáustica.
Em ambos, transparecem marcas registradas da artista: camuflagens -formatos derivados de pinturas que ela fazia em forma de nuvens- e os mapas.
A geografia sempre acompanhou sua obra. Começou distorcendo mapas, como uma crítica às
distorções políticas. Hoje desenvolve a "aproximação entre essa
idéia de espaço abstrato da geografia e certos pontos completamente
dispersos do que é o espaço de abstração das cartografias artísticas".
Exposição: Anna Bella Geiger
Onde: Museu de Arte Moderna (parque
Ibirapuera, portão 3, tel. 011/549-9688)
Quando: hoje, das 19h às 22h; ter a dom,
12h às 18h; qui, 12h às 22h; até 15/6
Quanto: R$ 4 e R$ 2 (est.), grátis às terças
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