MILLY LACOMBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Em 1955, eles dividiram um prato de espaguete e entraram para a história. A Disney achou que o público iria gostar de saber o que aconteceu com a Dama e o Vagabundo depois que eles juntaram suas pulgas e, 46 anos mais tarde, conta o resto da história.
"A Dama e o Vagabundo 2" narra a saga de Banzé, um cachorrinho que nasceu cercado por três irmãs, pais e donos apaixonados. Mas, herdeiro da rebeldia do pai, logo troca a segurança de um lar pela diversão das ruas.
Depois de se juntar a uma gangue de cachorros vadios, descobre que seu pai, hoje um dedicado pai de família, havia sido o rei dos malandros. E fica ainda mais tentado pela idéia de ser um grande vagabundo em fuga.
"Chegar ao roteiro final foi uma batalha", disse à Folha, em Los Angeles, Jeannine Roussel, produtora e diretora de "A Dama e o Vagabundo 2".
"Para conseguir dar vida a esse filme, tive de aprender como se fazia um desenho animado nos anos 50. Densidade e combinação de cores, ângulos de câmera, cortes, músicas, tudo teve de ser minuciosamente estudado."
Não é difícil prever o que acontece com Banzé nas ruas e adivinhar o final da história. Mas, para Roussel, é exatamente esse o segredo do sucesso.
"A idéia aqui não era surpreender, mas voltar aos clássicos e contar uma história ingênua, simples e que tocasse um ponto do coração há muito esquecido por desenhos animados modernos."
Para Roussel, uma animadora que está se especializando em sequências (fez a continuação de "O Rei Leão" e "Aladim"), a idéia de que crianças de hoje querem apenas tecnologia de ponta e linguagem sarcástica é equivocada.
"Em breve, desenhos animados estarão fazendo meia volta em direção ao começo de tudo. Um filme como "A Nova Onda do Imperador", por mais divertido que seja, não toca profundamente o coração e não é o que será lembrado pela garotada daqui a 50 anos. O futuro da animação está no passado", afirma.