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ENTRELINHAS
A psicanálise do PNBE
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos maiores programas
do mundo de compra de livros não didáticos, o brasileiro
PNBE vai ao divã na próxima
sexta. O presidente do Fundo
Nacional de Desenvolvimento
da Educação (FNDE), Henrique
Paim Fernandes, diz que vinha
ouvindo críticas constantes a esse programa, iniciado em 1998,
na gestão FHC. "Diante da divergência a respeito da sistemática de compras, o fundo resolveu rever essa sistemática."
Na sexta ele se reúne com Gabriel Chalita, representando os
secretários estaduais de educação, e com Adeum Hilário
Sauer, da União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação. Mais adiante virão representantes de autores e editores.
Daniel Silva Balaban, um dos
diretores do FNDE, diz que o
fulcro da questão é complementar a distribuição de livros com a
"implementação de políticas de
estímulo à leitura". Os editores
acompanham de olhos abertos.
As compras do governo representam 60% do mercado.
QUEM (SE) IMPORTA
Prepare o bolso, nobre comprador de livros importados.
Agindo contra os tratados internacionais de Nairóbi e Florença e a própria Lei do Livro
brasileira, promulgada no final
do ano passado, o governo acabou, por medida provisória,
com a isenção de cobrança dos
impostos PIS e Cofins para importação de livros. Com isso, as
livrarias terão de pagar cerca
de 10% a mais. "É uma pancada na cabeça das livrarias nacionais", diz Rui Campos, da
carioca Travessa, "e uma festa
para as virtuais americanas,
que não pagam chongas para o
governo brasileiro e não empregam ninguém".
APARECEU A MARGARIDA
A editora Objetiva fez um
"golpe de mestre" nesta semana. Comprou os direitos de um
dos romances mais interessantes do século 20, o russo "O
Mestre e Margarida" (1940), de
Mikhail Bulgákov, sátira corajosa e enlouquecida da sociedade russa dos anos 20.
TUPI OR NOT TUPI
Ferreira Gullar será a capa da
primeira edição da nova encarnação da "Poesia Sempre", revista da Biblioteca Nacional,
que será relançada em breve.
Antes voltada em cada número
para a poesia de um país, agora
a publicação será só verde-amarela. O editor, Luciano Trigo, abre seu e-mail corajosamente para receber poemas e
ensaios inéditos: lucianotrigo@bn.br.
AUMENTA UM PONTO
Contista da melhor cepa, o
calejado mineiro Wander Piroli finalmente terá alguém
olhando sua obra. A valente
editora Papagaio reeditará toda sua produção adulta, a começar por "Minha Bela Putana" já neste semestre. O pacote
inclui inéditos, dois em 2004.
OSSOS DE BORBOLETA
O único filho de Vladimir Nabokov, Dmitri, leiloou a papelada do
autor de "Lolita". Os itens mais
caros do lote, que arrecadou R$
2,7 milhões, foram desenhos de
borboletas, paixão do escritor.
@ - elek@folhasp.com.br
FORA DA ESTANTE
Seja lá qual for a média de
biritas ingeridas por presidentes ou correspondentes
estrangeiros, eles sairiam ganhando com a leitura (ou releitura) de "John Barleycorn
- Memórias Alcoólicas", de
Jack London. Um dos trabalhos magistrais do escritor
americano, o livro de 1913
era descrito por London como o "de "a" a "z" da arte de
beber". Era bem mais que isso. Ao passo que narra suas
"20 mil léguas submarinas"
ao universo etílico, viagem
que começou na infância e
terminou com a morte aos
40 anos (1876-1916), London
faz seu livro mais autobiográfico, dos mais de 50 que
publicou. Boa parte dos melhores volumes do autor estão de pé nas prateleiras
(dois tiveram edições recentes: "Martin Eden", pela Nova Alexandria, e "Tacão de
Ferro", pela editora Boitempo). "Memórias Alcóolicas",
porém, só mesmo no exterior -ou mandando um assessor aos sebos. O livro está
fora de catálogo no Brasil,
"de ressaca".
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