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TELEVISÃO
"Ellen' se despede frouxa
BIA ABRAMO
especial para a Folha, de Berkeley
Foi breve e tumultuada a lua-de-
mel entre a TV norte-americana e
o primeiro seriado a tratar abertamente de homossexualidade. Anteontem, um especial de uma hora
encerrou a carreira de "Ellen" na
emissora ABC.
Ellen DeGeneres, atriz, roteirista
e produtora-executiva da série, e a
ABC surpreenderam os EUA em
abril de 97, quando o episódio que
encerrou a temporada de "Ellen"
mostrou personagem e atriz
"saindo do armário".
A façanha rendeu uma audiência
recorde (42 milhões de espectadores, seguindo a agência Nielsen),
muita repercussão na imprensa e
uma onda de apoio da comunidade GLS norte-americana.
O seriado voltou em setembro de
97 com uma advertência antes do
início do programa, chamado
atenção dos pais para "conteúdo
adulto". Ellen DeGeneres não
gostou, deu declarações ofendidas
à imprensa, mas o seriado prosseguiu trazendo a personagem Ellen
Morgan às voltas com as consequências de "sair do armário".
Para a ABC, o problema foi esse.
Quando a emissora anunciou o
cancelamento do episódio no final
da temporada 97/98, um dos diretores da ABC, Stuart Bloomberg,
atribuiu o cancelamento de "Ellen" aos índices de audiência.
DeGeneres, entretanto, afirma
que foi boicotada: "Eu fui demitida porque sou gay", disse a atriz à
"Entertainment Weekly".
No último episódio, o seriado fez
um tributo-paródia à história da
televisão, e de, alguma forma, deu
razão aos executivos da ABC. Apesar de várias participações especiais - entre elas, das atrizes Helen Hunt e Glenn Close- e de
uma idéia engenhosa na origem,
mas realizada de forma frouxa, e
despedida de Ellen foi decepcionante, desenxabida.
A comediante atrapalhada, de tiradas rápidas, desapareceu. Talvez
como a dizer que a seriedade e o
peso de ser o primeiro personagem gay da TV norte-americana
tenha tomado o lugar que havia
para o humor.
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