São Paulo, sexta, 15 de maio de 1998

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TELEVISÃO
"Ellen' se despede frouxa

BIA ABRAMO
especial para a Folha, de Berkeley

Foi breve e tumultuada a lua-de- mel entre a TV norte-americana e o primeiro seriado a tratar abertamente de homossexualidade. Anteontem, um especial de uma hora encerrou a carreira de "Ellen" na emissora ABC.
Ellen DeGeneres, atriz, roteirista e produtora-executiva da série, e a ABC surpreenderam os EUA em abril de 97, quando o episódio que encerrou a temporada de "Ellen" mostrou personagem e atriz "saindo do armário".
A façanha rendeu uma audiência recorde (42 milhões de espectadores, seguindo a agência Nielsen), muita repercussão na imprensa e uma onda de apoio da comunidade GLS norte-americana.
O seriado voltou em setembro de 97 com uma advertência antes do início do programa, chamado atenção dos pais para "conteúdo adulto". Ellen DeGeneres não gostou, deu declarações ofendidas à imprensa, mas o seriado prosseguiu trazendo a personagem Ellen Morgan às voltas com as consequências de "sair do armário".
Para a ABC, o problema foi esse. Quando a emissora anunciou o cancelamento do episódio no final da temporada 97/98, um dos diretores da ABC, Stuart Bloomberg, atribuiu o cancelamento de "Ellen" aos índices de audiência.
DeGeneres, entretanto, afirma que foi boicotada: "Eu fui demitida porque sou gay", disse a atriz à "Entertainment Weekly".
No último episódio, o seriado fez um tributo-paródia à história da televisão, e de, alguma forma, deu razão aos executivos da ABC. Apesar de várias participações especiais - entre elas, das atrizes Helen Hunt e Glenn Close- e de uma idéia engenhosa na origem, mas realizada de forma frouxa, e despedida de Ellen foi decepcionante, desenxabida.
A comediante atrapalhada, de tiradas rápidas, desapareceu. Talvez como a dizer que a seriedade e o peso de ser o primeiro personagem gay da TV norte-americana tenha tomado o lugar que havia para o humor.




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