São Paulo, sexta, 15 de maio de 1998

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Anos 70 pulsam em "Boogie Nights"

Diulgação
Julianne Moore e Mark Wahlberg em cena de "Boogie Nights - Prazer sem Limites", filme de Paul Thomas Anderson que estréia hoje



Chega hoje ao Brasil "Boogie Nights - Prazer sem Limites", filme de Paul Thomas Anderson, indicado a três Oscar, que expõe a indústria da pornografia nos EUA entre 1977 e 1984


ALFREDO STERNHEIM
especial para a Folha

Para muitos, "Boogie Nights" é baseado na vida de John Holmes, um dos mais ativos astros do pornô, que se celebrizou por causa do seu pênis com 38 cm (ou 33, segundo algumas publicações).
Esse norte-americano que começou a atuar no final dos anos 60 e só parou ao morrer, em 1988, vítima da Aids, tem em comum com o herói de "Boogie Nights" apenas o tamanho de seu instrumento de trabalho e o vício da cocaína.
Para os que desconhecem os meandros do cinema erótico, o filme de Paul Thomas Anderson pode transmitir a idéia de que, no pornô, o sucesso dura pouco para os homens e que eles se destroem rapidamente.
Na realidade, são as mulheres que sofrem mais desgaste. Ávidos por novidades, o público fica saturado com atrizes que são expostas em mais de cem fitas por ano.
Mas há exceções e uma delas é justamente Nina Haratley, que em "Boogie Nights" vive a exibida esposa de Little Bil.
Nina sempre lidera grupos ligados à sua categoria, preocupando-se com certa tendência ao suicídio que existe entre as colegas.
Entre os atores, isso é mais raro. Salvo Holmes e Cal Jammer (um galã que se matou em 95), não se sabe de outras tragédias. Quando demonstram controle sobre a ereção, boa aparência e um pênis expressivo, atravessam décadas.
A razão é uma só, segundo os produtores. É necessário rapidez nas gravações. Os cineastas não querem se arriscar com novatos que, na hora H, fracassam.
Por isso, sempre os mesmos. Basta verificar a lista das fitas lançadas nos últimos anos. Lá estão Buck Adams, Randy West, Tom Byron, Jon Dough, Marc Wallice, Peter North (que veio do cinema gay), T. T. Boy, Sean Michaels. A maioria estreou nos anos 80.
Adams e West são os mais antigos. West começou em 1977, já ultrapassou a marca dos 2.000 títulos e, como Adams, também produz e dirige.
A tendência desses atores é acumular a atuação com a direção. Foi o que fez Seam Michaels, o mais popular dos atores negros do pornô e um dos preferidos das estrelas brancas.
Outro ator que ganhou fama como diretor foi John Stagliano. O criador do personagem Buttman mostrou-se renovador ao utilizar uma linguagem apoiada na câmera subjetiva.
O estilo perdeu o vigor por ter sido muito imitado. Mas Stagliano, que já não atua em cenas de sexo (declarou-se portador da Aids), é um diretor energético.
Um dos atores que ele mais tem usado é justamente o mais requisitado dos garanhões: Rocco Siffredi. Conciliando beleza e uma virilidade bem servida, esse italiano de 34 anos ascendeu a partir de sua estréia na França em 1985. Mais tarde entrou na fechada indústria dos EUA, não demorando para exercer a direção.
Disciplinado e bem casado, Siffredi é um dos vários atores que demonstram como o poder fálico pode render muitos anos de trabalho na indústria do pornô. É preciso apenas não se deslumbrar com o sucesso e nem afundar nas drogas, como Dirk Kiggler em "Boogie Nights".

Filme: Boogie Nights - Prazer sem Limites Produção: EUA, 1997 Direção: Paul Thomas Anderson Com: Burt Reynolds, Julianne Moore, Mark Wahlberg Quando: a partir de hoje, nos cines Marabá, Liberty, Butantã 2 e circuito


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