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"Irmãos Farrelly me dão liberdade"
DE NOVA YORK
O ator canadense Jim Carrey recebe a reportagem da Folha numa das suítes do hotel Regency,
ao lado do Central Park, em Nova
York, no domingo.
Está atrasado, pois foi dar um
beijo de despedida em Renée Zellweger, parceira em "Me, Myself &
Irene" e, desde o filme, sua mulher. A atriz está partindo para a
Europa, onde conclui "Bridget Jones - O Filme".
Carrey não fala dela: "Quero
manter nossa vida fora dos jornais", diz ele, "para conservar a
relação especial." Sobre o humor
politicamente incorreto dos Farrelly, diz: "Eles não têm limite, e
isso faz deles o que são".
(SD)
Folha - Como é interpretar um
personagem que, na verdade, são
dois?
Jim Carrey - Eu os separei na cabeça. Era como fazer uma coreografia diferente. Foi combinação
de preparação e flexibilidade.
Folha - Por que trabalhar com os
irmãos Farrelly de novo?
Carrey - Eles me dão total liberdade para perder a cabeça e eles
sabem como fazer as coisas engraçadas acontecerem. Nós três
juntos somos uma coisa muito
doente. Eu venho de fazer dois papéis dramáticos, então foi bom fazer algo sem compromisso.
Folha - Como eles o convenceram
a fazer a cena do vibrador?
Carrey - Eles falaram: "Sabe
aquilo que você vem fazendo
emocionalmente por anos? Vai
ter de fazer fisicamente". (Risos)
Folha - Já passou por situações
constrangedoras assim?
Carrey - Quando eu tinha 11
anos, disse à minha mãe que queria ser ator. Ela me colocou no sapateado. "Todos os atores sabem
sapatear", disse ela. Eu era o único
menino da classe, de longe o mais
alto e desajeitado, e ainda tinha de
esconder de meus colegas na escola que eu sapateava.
Folha - Por que suas comédias
têm mais sucesso que os filmes "sérios"?
Carrey - É relativo. "Truman
Show" foi bem. "O Mundo de
Andy" teve problemas, pois o personagem era desconhecido fora
dos EUA. Não se pode escolher
trabalhos pelo que agrada o público.
Folha - Você diria que os dois são
os seus melhores filmes?
Carrey - Acho que "O Mundo de
Andy" foi o trabalho mais difícil
que já fiz e "Truman Show" é o
mais próximo de quem eu sou.
Folha - Você se sente assim, vigiado 24 horas por dia?
Carrey - Eu conheço o sentimento. Às vezes é real, às vezes, paranóia. Mas me refiro mais ao fato
de ele, por alguma razão, sempre
querer agradar a todos, mesmo
desconhecidos na rua. Foi dessa
sensação que inventei aquela fala
no filme: "Bom dia e, caso eu não
o veja, boa tarde e boa noite!".
Folha - Críticas o influenciam?
Carrey - Já li coisas estúpidas e já
li críticas negativas em que aprendi algo. Geralmente, a crítica está
divorciada do público. Espero ver
o dia em que eles se encontrem.
Folha - Em "Truman Show" eles
se encontram.
Carrey - É verdade, é a exceção.
Mas "Truman" é exceção em todos os sentidos. É um filme maravilhoso. "No futuro, todos terão
direito a 15 minutos de humilhação pública", é como eu o defino.
É a metáfora para a vida de todos.
Folha - Depois de "Debi & Lóide",
você acabou namorando com a
atriz principal. Agora, acabado
"Me, Myself & Irene", você está
com Renée Zellweger. Como a Cameron Diaz escapou? (Carrey trabalhou com ela em "O Máscara")
Carrey - Você quer saber que padrão doentio é esse de sempre se
apaixonar por atrizes com quem
trabalho? Vivo nesse meio, onde
mais vou conhecer pessoas?
Folha - Qual seu próximo projeto?
Carrey - É "Phone Booth", de
Joel Schumacher. É a história de
um sujeito que atende uma ligação em um telefone público e ouve que será baleado se desligar.
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