São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2000


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"Irmãos Farrelly me dão liberdade"

DE NOVA YORK

O ator canadense Jim Carrey recebe a reportagem da Folha numa das suítes do hotel Regency, ao lado do Central Park, em Nova York, no domingo.
Está atrasado, pois foi dar um beijo de despedida em Renée Zellweger, parceira em "Me, Myself & Irene" e, desde o filme, sua mulher. A atriz está partindo para a Europa, onde conclui "Bridget Jones - O Filme".
Carrey não fala dela: "Quero manter nossa vida fora dos jornais", diz ele, "para conservar a relação especial." Sobre o humor politicamente incorreto dos Farrelly, diz: "Eles não têm limite, e isso faz deles o que são". (SD)

Folha - Como é interpretar um personagem que, na verdade, são dois?
Jim Carrey -
Eu os separei na cabeça. Era como fazer uma coreografia diferente. Foi combinação de preparação e flexibilidade.

Folha - Por que trabalhar com os irmãos Farrelly de novo?
Carrey -
Eles me dão total liberdade para perder a cabeça e eles sabem como fazer as coisas engraçadas acontecerem. Nós três juntos somos uma coisa muito doente. Eu venho de fazer dois papéis dramáticos, então foi bom fazer algo sem compromisso.

Folha - Como eles o convenceram a fazer a cena do vibrador?
Carrey -
Eles falaram: "Sabe aquilo que você vem fazendo emocionalmente por anos? Vai ter de fazer fisicamente". (Risos)

Folha - Já passou por situações constrangedoras assim?
Carrey -
Quando eu tinha 11 anos, disse à minha mãe que queria ser ator. Ela me colocou no sapateado. "Todos os atores sabem sapatear", disse ela. Eu era o único menino da classe, de longe o mais alto e desajeitado, e ainda tinha de esconder de meus colegas na escola que eu sapateava.

Folha - Por que suas comédias têm mais sucesso que os filmes "sérios"?
Carrey -
É relativo. "Truman Show" foi bem. "O Mundo de Andy" teve problemas, pois o personagem era desconhecido fora dos EUA. Não se pode escolher trabalhos pelo que agrada o público.

Folha - Você diria que os dois são os seus melhores filmes?
Carrey -
Acho que "O Mundo de Andy" foi o trabalho mais difícil que já fiz e "Truman Show" é o mais próximo de quem eu sou.

Folha - Você se sente assim, vigiado 24 horas por dia?
Carrey -
Eu conheço o sentimento. Às vezes é real, às vezes, paranóia. Mas me refiro mais ao fato de ele, por alguma razão, sempre querer agradar a todos, mesmo desconhecidos na rua. Foi dessa sensação que inventei aquela fala no filme: "Bom dia e, caso eu não o veja, boa tarde e boa noite!".

Folha - Críticas o influenciam?
Carrey -
Já li coisas estúpidas e já li críticas negativas em que aprendi algo. Geralmente, a crítica está divorciada do público. Espero ver o dia em que eles se encontrem.

Folha - Em "Truman Show" eles se encontram.
Carrey -
É verdade, é a exceção. Mas "Truman" é exceção em todos os sentidos. É um filme maravilhoso. "No futuro, todos terão direito a 15 minutos de humilhação pública", é como eu o defino. É a metáfora para a vida de todos.

Folha - Depois de "Debi & Lóide", você acabou namorando com a atriz principal. Agora, acabado "Me, Myself & Irene", você está com Renée Zellweger. Como a Cameron Diaz escapou? (Carrey trabalhou com ela em "O Máscara")
Carrey -
Você quer saber que padrão doentio é esse de sempre se apaixonar por atrizes com quem trabalho? Vivo nesse meio, onde mais vou conhecer pessoas?

Folha - Qual seu próximo projeto?
Carrey -
É "Phone Booth", de Joel Schumacher. É a história de um sujeito que atende uma ligação em um telefone público e ouve que será baleado se desligar.



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