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Sons orgânicos são destaque no Sónar 2005
DANIEL HORA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BARCELONA
Os tomates e cenouras estarão
neste ano no palco do festival barcelonês de música eletrônica e arte multimídia Sónar. Em sua 12ª
edição, o evento criado na cidade
espanhola reunirá durante três
dias e três noites mais de 300 atividades. Entre elas estão incluídas
apresentações de DJs, exposições
de arte para a web e outros suportes eletrônicos, medialabs, mostras de trabalhos audiovisuais,
conferências e shows como o da
vienense The Vegetable Orchestra. O grupo formado por dez músicos utiliza verduras em vez de
metais ou cordas para emitir sons
que são sampleados, tratados
com efeitos e amplificados graças
aos computadores.
Mas não é apenas de vanguarda
que vive o Sónar, festival que atrai
um público de mais de 87 mil espectadores, segundo a média dos
dois últimos anos. Também farão
parte do encontro nesta semana
figuras ilustres, como os ingleses
The Chemical Brothers, os DJs
Jeff Mills e Laurent Garnier e a rainha do electro Miss Kittin.
Outros destaques serão os sons
"orgânicos" de conjuntos que utilizam instrumentos mais convencionais ao lado de laptops, como
os americanos LCD Soundsystem
e Le Tigre, e os artistas que privilegiam a voz, como as cantoras
M.I.A, nascida no Sri Lanka e radicada em Londres, e Roisin
Murphy, vocalista do britânico
Moloko, além do histórico trio
nova-iorquino de rap De la Soul.
O Sónar 2005 confirma assim a
tendência dos últimos anos de valorização dos estilos que fundem
a eletrônica com o rock, o jazz, o
soul e o hip hop. "Os músicos que
tocam ao vivo estão cada vez mais
presentes nos festivais de música
eletrônica. Mas, em vez de soar
como sempre soaram, os instrumentos convencionais usados
por esses grupos se juntam à eletrônica para a experimentação",
explica o co-diretor do festival Ricard Robles, 40.
Entre os diferenciais deste ano
estão os shows ligados ao Ano da
Gastronomia de Barcelona. Além
da já citada The Vegetable Orchestra, o Sónar também oferecerá ao público a oportunidade de
provar o Plat du Jour, novo projeto do inglês Matthew Herbert, que
esteve com sua Big Band no sónarsound, em São Paulo, em setembro de 2004. Agora, Herbert
elege como tema a comida, em
um manifesto contra o fast food
composto de samples de ruídos
de cozinha. A terceira atração é a
Cuisine Concrète, da sevilhana
Maria Durán, que será acompanhada no palco pelo chef catalão
Jordi Vilà.
Já no que se refere à promoção
de cenas nacionais, o festival põe
foco na produção eletrônica de
países como Finlândia, Japão e
Brasil (leia ao lado). Os organizadores do evento acreditam que
cumprem o papel de difundir a
música eletrônica pelo mundo,
com a própria tecnologia. "A música eletrônica é um fenômeno
global, mas com características
particulares em cada lugar. Com a
maior circulação de informações
proporcionada pela internet, a
demanda por shows aumentou.
Isso influiu na criatividade dos artistas e gerou inclusive a crescente
presença de instrumentistas ao vivo nos shows de música eletrônica", avalia Robles.
Para quem está aguardando o
segundo sónarsound no Brasil,
ainda incerto, há a alternativa de
acompanhar pela internet parte
da programação do festival em
Barcelona. A espanhola Radio 3
retransmitirá programas especiais e alguns shows, que estarão
no site www.rtve.es/rne/r3.
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