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"Coleção Folha" lança crônicas de Quintana
Penúltimo volume, "A Vaca e o Hipogrifo" chega às bancas no próximo domingo
Livro do escritor gaúcho que foi também farmacêutico reúne 200 textos que revelam seu rigor prático e poético aplicado à literatura
DA REPORTAGEM LOCAL
Conjunto de crônicas, poemas, aforismos, anedotas, retalhos de memória, "A Vaca e o
Hipogrifo", penúltimo volume
da "Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros", é uma excelente introdução à obra de
Mario Quintana (1906-1984).
Nos mais de 200 textos curtíssimos, alguns com apenas
uma linha, verifica-se o grande
apuro formal do autor elogiado
por mestres como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de
Andrade.
Modesto, o gaúcho Quintana
atribui o rigor à época em que
trabalhou como prático de farmácia na botica do pai, em Alegrete (RS), muito antes de tornar-se poeta consagrado e lançar os primeiros livros -vê-se
aí na companhia do parnasiano
Alberto de Oliveira, outro autor
versado na arte de dosar severamente os medicamentos.
Outra característica reside
na forma discreta como esse esmero técnico se manifesta.
Quase não se percebe a forma
trabalhada, tal a simplicidade, a
elegante economia, o jeito direto de o autor se expressar.
As primeiras leituras, o fazer
poético, a contraditória condição humana, a vida e a morte
são alguns dos pequenos e
grandes temas que Quintana
examina com lucidez e bom humor. Como a reflexão de "Gramática da Felicidade":
"Vivemos conjugando o tempo passado (saudade, para os
românticos) e o tempo futuro
(esperança, para os idealistas).
[...] Mais felizes os animais, que,
na sua gramática imediata, apenas lhes sobra um tempo: o presente do indicativo. E que nem
dá tempo para suspiros..."
Quintana estreou na literatura aos 34 anos, em 1940, com o
livro de sonetos "A Rua dos Cataventos". Experimentou outras formas (canções, quadras,
poemas em prosa) em livros como "Canções" (1946), "Sapato
Florido" (1948), "O Aprendiz
de Feiticeiro" (1950) e "Espelho Mágico" (1951).
Como tradutor, verteu obras
de Voltaire, Proust, Balzac e
Virginia Woolf. Ao todo, foram
138 livros traduzidos. De sua
extensa colaboração com a imprensa resultaram "Caderno
H" (1973) e este "A Vaca e o Hipogrifo", lançado em 1977.
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