São Paulo, domingo, 15 de junho de 2008

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"Coleção Folha" lança crônicas de Quintana

Penúltimo volume, "A Vaca e o Hipogrifo" chega às bancas no próximo domingo

Livro do escritor gaúcho que foi também farmacêutico reúne 200 textos que revelam seu rigor prático e poético aplicado à literatura


DA REPORTAGEM LOCAL

Conjunto de crônicas, poemas, aforismos, anedotas, retalhos de memória, "A Vaca e o Hipogrifo", penúltimo volume da "Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros", é uma excelente introdução à obra de Mario Quintana (1906-1984).
Nos mais de 200 textos curtíssimos, alguns com apenas uma linha, verifica-se o grande apuro formal do autor elogiado por mestres como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.
Modesto, o gaúcho Quintana atribui o rigor à época em que trabalhou como prático de farmácia na botica do pai, em Alegrete (RS), muito antes de tornar-se poeta consagrado e lançar os primeiros livros -vê-se aí na companhia do parnasiano Alberto de Oliveira, outro autor versado na arte de dosar severamente os medicamentos.
Outra característica reside na forma discreta como esse esmero técnico se manifesta. Quase não se percebe a forma trabalhada, tal a simplicidade, a elegante economia, o jeito direto de o autor se expressar.
As primeiras leituras, o fazer poético, a contraditória condição humana, a vida e a morte são alguns dos pequenos e grandes temas que Quintana examina com lucidez e bom humor. Como a reflexão de "Gramática da Felicidade":
"Vivemos conjugando o tempo passado (saudade, para os românticos) e o tempo futuro (esperança, para os idealistas). [...] Mais felizes os animais, que, na sua gramática imediata, apenas lhes sobra um tempo: o presente do indicativo. E que nem dá tempo para suspiros..."
Quintana estreou na literatura aos 34 anos, em 1940, com o livro de sonetos "A Rua dos Cataventos". Experimentou outras formas (canções, quadras, poemas em prosa) em livros como "Canções" (1946), "Sapato Florido" (1948), "O Aprendiz de Feiticeiro" (1950) e "Espelho Mágico" (1951).
Como tradutor, verteu obras de Voltaire, Proust, Balzac e Virginia Woolf. Ao todo, foram 138 livros traduzidos. De sua extensa colaboração com a imprensa resultaram "Caderno H" (1973) e este "A Vaca e o Hipogrifo", lançado em 1977.


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