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VÍDEO LANÇAMENTOS
Genialidade de Lang chega em seis obras
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
Seis filmes fundamentais do cineasta alemão de origem austríaca
Fritz Lang (1890-1976) chegam ao
vídeo, lançados pela Continental.
Três deles -"A Morte Cansada" (1921), o primeiro "Dr. Mabuse" (1922) e "Os Nibelungos"
(1923/24)- fazem parte de um
pacote de cinco fitas ("Dr. Mabuse" e "Os Nibelungos" têm duas
partes cada), todas do período
mudo.
Fora do pacote, estão saindo o
também mudo "Os Espiões"
(1928) e os dois últimos filmes
americanos do diretor, "No Silêncio de uma Cidade" e "Suplício
de uma Alma", ambos de 1956.
Para divulgar o lançamento das
fitas, a Continental promove a
partir do próximo dia 17, no MIS,
uma mostra de obras de Fritz Lang
(leia programação). Na sessão de
abertura, quarta-feira, às 20h30,
"A Morte Cansada" terá trilha
sonora ao vivo, composta e executada pelo músico Paulo Beto.
Nada mais adequado. "A Morte
Cansada" não é apenas o título
mais antigo entre os lançamentos.
É também, segundo os críticos, o
primeiro "autêntico" filme de
Fritz Lang, aquele em que pela primeira vez aparece de modo pleno
sua capacidade de esculpir com a
luz imagens de intensa força estética e dramática.
Se em "A Morte Cansada" (leia
sinopses abaixo) vemos em ação a
prodigiosa fantasia visual do diretor, nas duas partes do primeiro
"Dr. Mabuse" entramos na visão
sombria que Lang fazia da Alemanha de seu tempo, mergulhada no
caos do período entre-guerras.
Nesse universo noturno e subterrâneo (que reapareceria em
"M, o Vampiro de Dusseldorf" e
em "O Testamento do Dr. Mabuse"), nublado pela fumaça dos salões de jogo e de dança, o mal surge como uma emanação do espírito humano doentio, encarnado na
figura de Mabuse, gênio da hipnose e do disfarce.
A epopéia "Os Nibelungos",
por sua vez, dividida nas partes
"A Morte de Siegfried" e "A Vingança de Kriemhild", testemunha
a exaltação de Lang às heróicas
origens do povo germânico.
Do ponto de vista cinematográfico, "Os Nibelungos" mostra
um cineasta excepcionalmente
criativo no uso da iluminação e da
arquitetura (sua profissão de origem) com propósitos dramáticos.
"Os Espiões" é tradicionalmente visto como um filme menor do
diretor. É quase uma diluição de
"Mabuse", com o mesmo ator,
Rudolf Klein-Rogge, no papel de
Haighi, um supervilão que controla uma rede de espiões.
Já os dois títulos americanos
-os únicos sonoros entre os lançamentos- atestam a capacidade
de Fritz Lang de manter um grau
razoável de estilo e personalidade
no interior do sistema de estúdios
de Hollywood.
Tanto "No Silêncio de uma Cidade" como "Suplício de uma
Alma" colocam em cena temas
caros ao diretor: os crimes sexuais,
a pena de morte, o papel da imprensa.
Se não têm a intensidade febril
de um "Mabuse" nem a invenção
visual de um "Os Nibelungos",
compensam isso com a perícia
narrativa, o uso da ironia e o controle do andamento dramático.
Enfim, um bom resumo da obra
de um cineasta que se pode acusar
de tudo -racismo, arrogância,
egolatria-, menos de não saber
fazer cinema.
Pacote: Fritz Lang (cinco fitas), mais as três
outras fitas
Lançamento: Continental Vídeo (tel.
011/284-9479)
Quanto: R$ 120 (pacote de cinco fitas); R$
49 cada fita
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