|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA RESTAURANTE
Le Dantec assume fogões do Charlô
A chegada do chef deve aprofundar sotaque francês, mas manterá um certo gosto brasileiro
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Cada vez mais distante do
pequeno bistrô que foi no
passado, o Charlô inicia uma
nova fase com a chegada de
um chef francês experimentado, Marc Le Dantec, para
assumir seus fogões e trabalhar novos cardápios com o
proprietário.
Não deve haver mudanças
radicais, porém. O que já se
vê é uma paulatina adaptação a um estilo um pouco
mais rebuscado e menos "caseiro" (num bom sentido) do
que foi a marca do lugar nos
seus primórdios.
O restaurante existe desde
1988 -começou pequenino,
no imóvel ao lado, mas cresceu rapidamente. Hoje é tocado por Charlô Whately, 55,
em sociedade com a irmã,
Maria Izabel Whately Neves,
e com Eduardo Scott Franco
de Camargo.
Charlô comanda também
o restaurante do Jockey Club
e um festejado bufê, ambos
com seu nome.
Embora tenha vivido um
tempo na França -quando
despertou seu gosto pela gastronomia- e se iniciado na
área, ao voltar para o Brasil,
vendendo uma especialidade daquele país -os patês- ,
não é a cozinha francesa a
marca distintiva do restaurante desde seu nascimento.
Ao contrário, o Brasil, um
Brasil familiar, de receitas caseiras com suas influências
naturais (portuguesa e até
francesa também), deu mais
o tom nos primeiros tempos.
Hoje ele é mais francês, é verdade, embora restem pratos
como o picadinho paulista e
o bacalhau a Brás, além de
uma eventual carne-seca
com quibebe, por exemplo.
A chegada do bretão Le
Dantec, 35, pode dar mais
consistência às cores francesas do bistrô, dado seu
aprendizado em escolas e
grandes restaurantes em
seu país.
Le Dantec estudou na Bretanha e trabalhou para chefs
como Jacques Chibois, Olivier Roellinger e Daniel Boulud (este, em Nova York).
Mas ele é também ligado à
cozinha brasileira, cujos ingredientes gosta de usar.
Sua primeira vez no Brasil
foi para trabalhar com Claude Troisgros, em 1998, e a segunda, com Laurent Suaudeau, em 2000. Dessa vez, ficou: depois de chefiar o Bistrô Jaú, em São Paulo, manteve desde 2002 um restaurante em Salvador.
No Charlô, há algumas novidades introduzidas por ele,
a começar por uma entrada
para dividir: os interessantes
e gostosos filés de sardinha
grelhados, servidos com um
contraponto adocicado de
mostarda de Cremona.
São também novidade
pratos como a clássica e suculenta vitela salteada à Marengo, servida com tagliatelle, e a galinha-d'angola (um
pouco seca e salgada) recheada de pera fresca com
bechamel de aspargos.
Outros pratos do antigo
cardápio se mantêm, como o
robalo com farofa de camarões, o Chateaubriand com
molho bordelaise, tutano e
pastel de alcachofra, o magret de pato com molho de
cassis e risoto de cogumelos
e o baba ao rum envelhecido.
A tendência é que o Charlô
aprofunde o sotaque francês.
Mas deve manter a quatro
mãos certo gosto brasileiro.
josimar@basilico.com.br
BISTRÔ CHARLÔ
ENDEREÇO r. Barão de
Capanema, 440, Jardins,
tel. 0/xx/ 11/ 3087-4444
FUNCIONAMENTO seg. a qua., das
12h às 15h e das 19h à 0h30; qui.,
das 19h à 0h30; sex., das 12h às
15h e das 19h à 1h; sáb., das 12h à
1h30; dom., das 12h às 17h
AMBIENTE dominado pela
iluminação natural da rua, com
mesas na calçada
SERVIÇO profissional, mesmo no
atropelo da casa cheia
VINHOS carta inclinada para o
Novo Mundo, mas com bons
exemplares da França e da Itália
CARTÕES A, D, M e V
ESTACIONAMENTO com
manobrista, R$ 15
PREÇOS entradas, de R$ 18 a
R$ 33; pratos principais, de R$ 37
a R$ 84; sobremesas, de R$ 15 a
R$ 25
Texto Anterior: Nina Horta: Alcachofras castradas Próximo Texto: Bom e Barato: Padaria Le Pain tem ares modernos, ambiente confortável e bons preços Índice
|