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São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2003

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CINEMA/ESTRÉIA

Agora mãe, Angelina Jolie volta a encarnar Lara Croft e diz tentar "não ser autodestrutiva"

Coração selvagem

Divulgação
Angelina Jolie em cena do segundo "Lara Croft"


SAFFRON LYONS
DO "INDEPENDENT"

Angelina Jolie, filha do ator Jon Voight, ganhou um Oscar aos 24 anos por "Garota, Interrompida". Hoje, aos 28, é famosa principalmente pelo papel de Lara Croft nos filmes "Tomb Raider". Declaradamente bissexual e com reputação de mórbida, Jolie vem sendo cada vez mais conhecida por seu trabalho como embaixadora da boa vontade da Organização das Nações Unidas. De relações cortadas com seu pai e duas vezes divorciada, ela vive com seu filho adotivo, Maddox, e tem residências na Inglaterra e no Camboja.
 

Pergunta - Não há muita coisa que você se recuse a fazer, incluindo suas cenas de ação em ""Lara Croft". Você é destituída de medo?
Angelina Jolie -
Sim, a ponto de me tornar burra. Gosto de estar nas alturas. Eu sou viciada em adrenalina.

Pergunta - Existe alguma coisa da qual você realmente tenha medo?
Jolie -
Não gosto de ficar confinada. Se fosse amarrada, eu teria medo.

Pergunta - Será que algum dia você dirá ""não posso fazer essa cena de ação, agora sou mãe"?
Jolie -
Não sei... Se alguma coisa significar risco de morte... Por exemplo, eu verifico duas vezes o arreio que me prende, mas... Na verdade, hoje em dia eu tomo cuidado para não ser autodestrutiva, por causa de meu filho. Ao mesmo tempo, tenho mais motivos para fazer todas as coisas "cool" possíveis, porque quero que meu filho sinta orgulho de mim.

Pergunta - É verdade que hoje em dia você parece estar mais calma.
Jolie -
Estou mesmo, e não é apenas por causa de Maddox. Tenho feito tanta coisa nos últimos anos, tenho viajado muito. Isso modifica a gente. Fiquei nervosa quando tive que falar diante do Congresso sobre um projeto de lei, mas já não perco a calma quando falo com a imprensa.

Pergunta - Alguém de sua área já chegou a sugerir que você modere seu comportamento?
Jolie -
Nunca tive um empresário ou agente, mas ao longo dos anos já houve, sim, pessoas que me recomendaram um pouco de juízo, tentar ser mais normal ou tentar me mostrar de uma maneira que não cause incômodo a ninguém. Mas acho que, no ponto de minha carreira ao qual já cheguei, todo o mundo já desistiu. Além disso, já deixei muito claro que, quanto mais completa eu for, como ser humano e como mulher, melhor será meu trabalho.

Pergunta - Como você enfrentou o divórcio de Billy Bob Thornton?
Jolie -
Meu primeiro divórcio foi muito difícil. Johnny [Lee Miller] e eu éramos amigos muito íntimos. Mas neste momento de minha vida estou enxergando as coisas com mais clareza e tenho sorte por isso. Algumas pessoas não sabem quando chega a hora de se separar. Acho que Billy Bob e eu sabíamos. Assim, fomos adiante, e a vida ficou melhor para nós dois. Estou começando a achar que o casamento não é para mim. Não tenho muita fé num casamento duradouro.

Pergunta - E o que dizer de um amor duradouro?
Jolie -
Não estou procurando. Acho maravilhoso quando as pessoas encontram em suas vidas o amor de um homem ou de uma mulher, mas sinto que quero conhecer melhor o mundo e a mim mesma. Quero me tornar uma mulher e uma mãe melhor e quero ter mais filhos. Quero fazer coisas boas com minha vida. Se tenho ou não um amante ou amigo a meu lado, não é importante.

Pergunta - Você gosta da solidão?
Jolie -
Na verdade, sim, fico bem feliz sozinha. Mas tenho Maddox.

Pergunta - Como foi a primeira vez que você conheceu Maddox, no orfanato no Camboja?
Jolie -
Ele estava dormindo. Tinham colocado Maddox lá fora, num balde. Derramaram água em cima dele, mas ele continuou dormindo. Então o colocaram nos meus braços, e ele sorriu. Nunca passei tempo com crianças em minha vida. Nunca tinha pegado um bebê no colo. Então, quando ele sorriu, não era tanto que gostasse de mim, mas que se sentia à vontade comigo. O fato de uma criança ficar à vontade nos meus braços significou muito.

Pergunta - A maternidade é aquilo que você vinha buscando?
Jolie -
Acho que é para a maioria das pessoas. Acho que todo o mundo gostaria de sentir que tem um objetivo na vida e é útil a outras pessoas, e eu não tinha isso antes [de ser mãe]. Eu me sentia útil até certo ponto como atriz, mas isso não me bastava.


Tradução Clara Allain


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