|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
3 x 4 intelectuais
Chega às livrarias a série "Breves Biografias", com "retratos" de Joyce, Proust, santo Agostinho e Mozart
CASSIANO ELEK MACHADO
Editor-adjunto interino da Ilustrada
É como se Mozart, James Joyce,
santo Agostinho e Marcel Proust
estivessem enfileirados em um
banco para entrar em uma cabine
de fotografias instantâneas. É como se por trás das máquinas de
3x4 estivessem fotógrafos como
Henri Cartier-Bresson, Richard
Avedon e Robert Capa.
Trata-se de "Breves Biografias",
série de livros que a editora Objetiva coloca hoje nas prateleiras de
livrarias brasileiras.
Os grandes princípios por trás
da coleção, que começou a ser publicada pela editora inglesa Penguin no começo deste ano,
são dois. Primeiro: não é de
tamanho que é
feito o "documento". Segundo: não
basta um bom
retratado, é necessário um
bom fotógrafo. "A biografia mais
verdadeira não é maior, ou a com
mais informação, e sim a mais inventiva", opina o editor da Objetiva, Roberto Feith.
Seguindo essa trilha, o jornalista
James Atlas, editor da série e veterano colaborador de periódicos
como a "The New Yorker", escalou uma equipe cheia de prêmios
nas estantes para produzir biografias de até 200 páginas.
As regras param aí. A heterogeneidade da coleção fica patente na
enumeração de alguns de seus
primeiros biografados. Ganharam (ou estão
ganhando)
"fotografias
3x4" nomes
tão distintos
quanto o líder
espiritual Siddharta Gautama, o Buda,
que deixou o
planeta (ao
menos materialmente) há cerca
de 2.500 anos, e o ator Marlon
Brando, que, aos 65, é dono de
uma ilha no Taiti.
Os primeiros títulos lançados
no Brasil (quase simultaneamente
com os EUA) também mostram
variedade. Biografam o teólogo
africano Agostinho (354-430), o
compositor austríaco Mozart
(1756-91), o escritor francês Marcel Proust (1871-1922) e o autor irlandês James Joyce (1882-1941).
Assinando os livros, vendidos
aqui por R$ 18, estão autores como Peter Gay (autor da mais prestigiada biografia de Freud),
que escreveu
"Mozart", e
Garry Wills
(duas vezes
vencedor do
National Book
Critics Circle
Award e dono
de um Pulitzer), autor de "Santo Agostinho".
Por enquanto, o livro de Wills é
o que brilha mais. Pelo menos nas
caixas registradores de livrariasamericanas. Depois de conseguir
elogios à queima-roupa do "New
York Times", que classificou o
"excelente livrinho" como "brilhante biografia", a obra sobre
Agostinho chegou à lista de mais
vendidos do jornal (ocupa a 22º
no ranking do último domingo).
Confira nesta e na página 4-3 da
Ilustrada de hoje algumas qualidades e defeitos destes instantâneos intelectuais.
Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: "Joyce" é boa foto do artista Índice
|