São Paulo, Quarta-feira, 15 de Setembro de 1999
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3 x 4 intelectuais



Chega às livrarias a série "Breves Biografias", com "retratos" de Joyce, Proust, santo Agostinho e Mozart

CASSIANO ELEK MACHADO
Editor-adjunto interino da Ilustrada

É como se Mozart, James Joyce, santo Agostinho e Marcel Proust estivessem enfileirados em um banco para entrar em uma cabine de fotografias instantâneas. É como se por trás das máquinas de 3x4 estivessem fotógrafos como Henri Cartier-Bresson, Richard Avedon e Robert Capa.
Trata-se de "Breves Biografias", série de livros que a editora Objetiva coloca hoje nas prateleiras de livrarias brasileiras.
Os grandes princípios por trás da coleção, que começou a ser publicada pela editora inglesa Penguin no começo deste ano, são dois. Primeiro: não é de tamanho que é feito o "documento". Segundo: não basta um bom retratado, é necessário um bom fotógrafo. "A biografia mais verdadeira não é maior, ou a com mais informação, e sim a mais inventiva", opina o editor da Objetiva, Roberto Feith.
Seguindo essa trilha, o jornalista James Atlas, editor da série e veterano colaborador de periódicos como a "The New Yorker", escalou uma equipe cheia de prêmios nas estantes para produzir biografias de até 200 páginas.
As regras param aí. A heterogeneidade da coleção fica patente na enumeração de alguns de seus primeiros biografados. Ganharam (ou estão ganhando) "fotografias 3x4" nomes tão distintos quanto o líder espiritual Siddharta Gautama, o Buda, que deixou o planeta (ao menos materialmente) há cerca de 2.500 anos, e o ator Marlon Brando, que, aos 65, é dono de uma ilha no Taiti.
Os primeiros títulos lançados no Brasil (quase simultaneamente com os EUA) também mostram variedade. Biografam o teólogo africano Agostinho (354-430), o compositor austríaco Mozart (1756-91), o escritor francês Marcel Proust (1871-1922) e o autor irlandês James Joyce (1882-1941).
Assinando os livros, vendidos aqui por R$ 18, estão autores como Peter Gay (autor da mais prestigiada biografia de Freud), que escreveu "Mozart", e Garry Wills (duas vezes vencedor do National Book Critics Circle Award e dono de um Pulitzer), autor de "Santo Agostinho".
Por enquanto, o livro de Wills é o que brilha mais. Pelo menos nas caixas registradores de livrariasamericanas. Depois de conseguir elogios à queima-roupa do "New York Times", que classificou o "excelente livrinho" como "brilhante biografia", a obra sobre Agostinho chegou à lista de mais vendidos do jornal (ocupa a 22º no ranking do último domingo).
Confira nesta e na página 4-3 da Ilustrada de hoje algumas qualidades e defeitos destes instantâneos intelectuais.


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