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Irmãos Mamberti encenam Plínio
DA REPORTAGEM LOCAL
Ninguém passa incólume por
Plínio Marcos (1935-1999). Às vezes, o mergulho em seu teatro é literal, como o faz Cláudio Mamberti, 59. O ator adiou por duas semanas a estréia do monólogo "O
Homem do Caminho", em SP,
após infecção pulmonar que o
deixou de molho no hospital.
Além do desafio de penetrar nos
labirintos de uma peça de Plínio,
Cláudio experimenta o primeiro
monólogo em 40 anos de carreira
e ainda despende energia na captação de recursos para a produção, ao lado do sobrinho Carlos
Mamberti, filho de Sérgio Mamberti, que assina a direção.
O projeto dos irmãos Mamberti
sela também a amizade com o
conterrâneo santista Plínio Marcos. No final dos anos 50, suas
mães eram amigas e professoras.
Na época, Sérgio estudava teatro,
Cláudio integrava o grupo de Patrícia Galvão, a Pagu, enquanto
Plínio deambulava pelos picadeiros da cidade litorânea, invariavelmente como o palhaço Frajola.
Cláudio interpretou sua primeira peça de Plínio em 58, "Reportagem de um Tempo Mau". Sérgio
montou "Navalha na Carne" dez
anos depois. Cláudio e Plínio
atuaram na Companhia Teatral
Cacilda Becker.
Escrito em versos, à moda dos
trovadores populares, um estilo
raro na obra de Plínio, "O Homem do Caminho", sobre a trajetória de um cigano, é o penúltimo
texto do autor para teatro. Segundo sua viúva, a jornalista Vera Artaxo, a peça derradeira é "O Bote
da Loba", de 97, versão feminina
da mesma história.
"O Homem do Caminho" nasceu originalmente como um conto, publicado pela revista "Status"
no início dos anos 80. O dramaturgo retrabalhou o texto nos últimos três anos de vida (ele morreu
em novembro do ano passado),
integrando-o ao livro "O Truque
dos Espelhos", lançado dois meses antes de sua morte.
O monólogo traz o personagem
Iur, que constrói parábolas para
refletir sobre a sociedade contemporânea, dividida entre "homens-prego", imóveis em seu materialismo, e os homens do caminho,
"saltimbancos como Cristo e os
ciganos".
"O texto é um legado poético de
Plínio, no qual ele se coloca na
primeira pessoa", afirma Cláudio,
59. "Há momentos de comédia
popular, de tensão, de sensualidade, de poesia e de magia."
Cláudio crê que, em "O Homem
do Caminho", o autor já acenava
com sua despedida. "O personagem fala de como driblar a morte,
de como enganar Deus."
(VS)
Peça: O Homem do Caminho
Autor: Plínio Marcos
Direção: Sérgio Mamberti
Com: Cláudio Mamberti
Quando: estréia hoje, às 21h; qui. a sáb.,
às 20h; dom., às 18h. Até 28/10
Onde: TBC - sala Assobradado (r. Major
Diogo, 315, tel. 0/xx/11/3115-4622)
Quanto: R$ 20
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