|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Livro revê trajetória de galerista
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao lado do prédio do Centro
Universitário Maria Antonia, na
rua Maria Antonia, na Vila Buarque, tapumes escondem a reconstrução de parte da histórica ex-sede da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras da USP.
É em meio às vigas de aço que
reforçam a estrutura do edifício
em reforma que será lançado hoje
o livro "Raquel Arnaud e o Olhar
Contemporâneo" (Cosacnaify,
R$ 44, 192 págs.), cujo principal
texto é uma longa entrevista concedida a Rodrigo Naves.
Não é à toa que o evento acontece ali. Construído na década de
1920 e tombado pelo Condephaat,
o prédio Joaquim Nabuco sediará
o Instituto de Arte Contemporânea (IAC). Projeto idealizado por
Arnaud, o IAC será a primeira
instituição do país dedicada aos
artistas brasileiros geométricos e
construtivistas.
O acervo é preciosíssimo: Sergio
Camargo, Mira Schendel, Willys
de Castro e Amilcar de Castro. As
obras foram emprestadas pelas
famílias em comodato.
"Eles eram amigos entre si, e há
uma conversa também entre seus
trabalhos", diz Arnaud, que trabalhou com cada um deles.
A expectativa é que o prédio esteja pronto no começo do próximo ano. E o livro vai ajudar o projeto: o dinheiro arrecadado com
as vendas será repassado integralmente ao instituto.
O novo espaço é fruto de um
convênio do IAC com o Centro
Maria Antonia, que também ocupará o prédio. Segundo Arnaud, a
museografia e as exposições serão
definidas de acordo com um conselho curatorial. "É preciso profissionalizar os museus. Vou deixar
para quem entende definir isso",
ensina Arnaud.
Ela adianta apenas que haverá
palestras sobre os artistas e estrutura de pesquisa de documentos e
projetos, em fase de digitalização.
Dona do Gabinete de Arte que
leva seu nome, hoje na rua Artur
de Azevedo, em Pinheiros, Arnaud dedica-se ao ofício da arte
desde a década de 60, quando trabalhou com Piero Maria Bardi no
Masp. O contato dela com artistas
começou na adolescência, no círculo modernista -Di Cavalcanti
e Portinari eram amigos de um tio
de Raquel. Depois, ela se casou
com Oscar Segall, filho de Lasar, e
conviveu com o artista e com o arquiteto modernista Warchavchik.
Ela passou por outras instituições até abrir sua própria galeria,
primeiro em parceria com Mônica Filgueiras, depois sozinha.
Sua função, no entanto, nunca
se limitou ao comércio de obras.
Arnaud foi incentivadora de nomes que estruturaram a arte brasileira recente. Tunga e Waltércio
Caldas são dois exemplos de artistas que Arnaud "patrocinou" no
início de suas carreiras.
"Comprava o material para eles
trabalharem e às vezes bancava
até a exposição inteira", lembra.
Para financiá-los, Arnaud revendia obras de artistas estrangeiros.
Ponto de encontro
A galeria que abriu no começo
dos anos 80 na avenida Nove de
Julho, onde funciona hoje a Marília Razuk, se tornou ponto de encontro de críticos e artistas.
A primeira exposição nesse espaço reuniu Amilcar de Castro,
Lygia Clark, Franz Weissmann e
Sergio Camargo.
A paixão pelas obras dos artistas
que compõem a coleção do IAC
determinaram uma virada na vida de Raquel. A instituição foi
constituída em 1997, e parte do
acervo está na Casa Hum (al. Gabriel Monteiro da Silva, 2.700, tel.
0/ xx/11/3031-1571), que guarda o
espólio de Sergio Camargo.
Texto Anterior: Artes plásticas: Giannotti exibe conexão entre abstrato e figurativo Próximo Texto: Memória: Koellreuter opôs vanguarda ao nacional Índice
|