São Paulo, sábado, 15 de setembro de 2007

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Obra de Leon Hirszman é restaurada

"Eles Não Usam Black-Tie", "ABC da Greve" e o inédito "Deixa que Eu Falo" são os primeiros títulos que sairão em DVD

Até 2010, devem sair outros títulos fundamentais do diretor, como "São Bernardo", "A Falecida" e "Imagens do Inconsciente"

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

A obra de um dos mais importantes autores do cinema brasileiro moderno, Leon Hirszman (1937-87), está sendo restaurada digitalmente e será lançada em DVD a partir de novembro próximo.
A primeira caixa a chegar às lojas e locadoras, com dois DVDs duplos, incluirá os longas "Eles Não Usam Black-Tie" (1981) e "ABC da Greve" (1979/ 90) e o documentário inédito "Deixa que Eu Falo", sobre Hirszman, feito pelo cineasta e montador Eduardo Escorel, além do curta "Pedreira de São Diogo", parte do longa coletivo "Cinco Vezes Favela" (1962).
Eduardo Escorel, 62, e seu irmão Lauro, 57, coordenam o projeto de restauração, que tem patrocínio da Petrobras e apoio técnico da Cinemateca Brasileira, depositária das matrizes dos filmes de Hirszman. Os irmãos Escorel foram parceiros fundamentais de Leon. Eduardo fez a montagem e Lauro a direção de fotografia de marcos como "São Bernardo" (1971) e "Eles Não Usam Black-Tie". Ambos dizem ter aprendido muito com o cineasta, um dos líderes do cinema novo.
"O convívio com Leon foi muito rico", diz Lauro, que tinha 21 anos quando fez a fotografia de "São Bernardo". "Sua maneira de conduzir o set de filmagem, sua forma de trabalhar com os atores e seu senso de composição certamente me marcaram muito."
Segundo Lauro Escorel, "Leon era um ser político dotado de grande sensibilidade artística". Para seu irmão Eduardo, "embora tenha sido muito amigo de Glauber [Rocha], Leon tinha uma faceta antiglauberiana. Era um temperamento conciliador, suave, nada agressivo. Era cineasta e político em tempo integral".
Na primeira caixa de DVDs a ser lançada, foram reunidos, de acordo com Lauro Escorel, os filmes mais "políticos" do diretor. Até 2010, deverão ser lançados outros títulos fundamentais da sua filmografia, como "São Bernardo", "A Falecida" (1965) e o monumental documentário "Imagens do Inconsciente" (1983-85). No documentário "Deixa que Eu Falo", entre outras preciosidades, há a última filmagem de Hirszman, uma entrevista com a psiquiatra Nise da Silveira, criadora do Museu do Inconsciente.


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