São Paulo, terça-feira, 15 de setembro de 2009

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Mostra extensa sintetiza produção de Cartier-Bresson

Fotógrafo francês, um dos fundadores da agência Magnum, tem 133 trabalhos de várias de suas fases exibidos no Sesc Pinheiros a partir de amanhã

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo recebe amanhã a mais abrangente exposição de Henri Cartier-Bresson (1908-2004), talvez o principal nome da fotografia no século 20, cuja obra se celebrizou pelo conceito do "momento decisivo".
Com 133 imagens, feitas entre 1926 e 1974 e que sintetizam a produção do fotógrafo francês, o Sesc Pinheiros também organiza dois debates, na sexta e no sábado, que devem questionar o "momento decisivo" como eixo da obra bressoniana.
"Nos EUA, em 1952, um livro sobre a sua obra teve como título "O Momento Decisivo", e essa ideia se cristalizou quando se fala de Bresson, nem sempre de modo exato", afirma Eder Chiodetto, 44, organizador da mostra e da exposição paralela "Bressonianas", que reúne trabalhos de sete brasileiros, como Cristiano Mascaro.
"Em correspondência com editores, Bresson fala de uma imagem furtiva dentro da sua obra. Isso se aproxima mais da leitura da exposição, que vai ao encontro de um olhar humanista e da busca de uma poética cotidiana", afirma Chiodetto.
A montagem de "Henri Cartier-Bresson - Fotógrafo" traz imagens anteriores à criação da agência Magnum por Bresson e outros quatro fotógrafos, em 1947, registros nos quais o estilo do francês já aparece.
Também são exibidas imagens de Bresson durante diversos conflitos, em especial a Segunda Guerra Mundial -ele serviu no Exército francês, foi prisioneiro e lutou na Resistência. Há também um segmento para os retratos.

Contra a modernização
Para a francesa Emmanuelle Denavit-Feller, 33, diretora do departamento cultural da Magnum, são poucos os herdeiros, de fato, do olhar bressoniano.
Ela cita o italiano Ferdinando Scianna e o francês Guy Le Querrec, ambos da agência, como renovadores da obra de Cartier-Bresson.
"Muitos se dizem continuadores da tradição dele, mas a maioria apenas banaliza o que é entendido como momento decisivo", avalia ela.
Cartier-Bresson, em 1994, votou contra a entrada do britânico Martin Parr, que sinalizaria a modernização da famosa agência. Foi voto vencido e, depois, se dedicou mais aos desenhos e pinturas. "Hoje a agência tem uma grande pluralidade, privilegiando uma política de autoria", diz a francesa.


HENRI CARTIER-BRESSON - FOTÓGRAFO

Quando: abertura amanhã, às 20h (convidados); de ter. a sex., das 10h30 às 21h30, e sáb., dom. e feriados, das 10h30 às 19h30; até 20/12
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, SP, tel. 0/xx/11/3095-9400);
classificação: livre
Quanto: entrada franca
Debates: sex., 18/9, às 20h, com Jean-Luc Monterosso e Helouise Costa; sáb., 19/9, às 18h, com Gabriel Bauret e Maurício Lissovsky




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