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Novo livro de Nigella reproduz fórmula da TV
"Comida é o que dá sentido à vida em comunidade", diz autora de "Nigella Bites"
Em entrevista à Folha, a apresentadora se esquiva de perguntas sobre seu sex-appeal, mas prega o prazer proporcionado pela comida
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela exala sensualidade, e
quem a vê comendo sem parar
e lambendo os dedos quase
compulsivamente não tem dúvida de que, para ela, comida é
sensual. Musa do "food porn",
Nigella Lawson diz adorar a
maneira como os sentidos se
envolvem no ato de cozinhar.
É essa estimulação constante
dos sentidos que a apresentadora e escritora reproduz em
"Nigella Bites" (R$ 80; 256
págs.), recém-lançado pela
Ediouro. O livro se assemelha
ao programa de TV homônimo
não só pelo nome mas também
pela forma e pelo conteúdo.
Em entrevista à Folha, Nigella desconversa quando o assunto é seu sex-appeal. Fica à
vontade e dá longas respostas
às perguntas sobre... comida.
Na era do não-coma-isso
porque faz mal à saúde, não-coma-aquilo porque engorda, Nigella vai contracorrente. Prega
o prazer proporcionado pela
comida e não tem o menor pudor em recomendar: use "o creme de leite com mais alto teor
de gordura que encontrar". Estaria o mundo ficando muito
chato e cheio de proibições?
"As pessoas estão muito ansiosas para demonizar certos
alimentos e venerar outros,
com a ilusão de que podemos
atingir a imortalidade. Acredito num ditado francês que diz
"tudo com moderação, até mesmo a moderação". Evidentemente não como um bolo de
chocolate inteiro ou um litro
de creme todos os dias, mas
também não quero uma vida
que exclua a manteiga, o chocolate, o bacon, o creme e tudo
que é considerado ruim", diz.
"Amo muito comida para comer só o suficiente. Não sou
boa em obediência nem em
privação. Por isso, se me dizem
que não devo comer algo, isto é
tudo o que eu quero comer."
Simplicidade
Nigella atribui ao fato de não
ser chef, e sim uma cozinheira
doméstica, a simplicidade dos
pratos que ensina -ainda que
pareçam elaborados e difíceis.
"Não tenho destreza para cozinhar de maneira complicada.
Nem tenho tempo. Trabalho,
tenho filhos e, embora parte do
meu "trabalho" seja escrever sobre comida, simplesmente não
se encaixa em minha vida, ou
no meu temperamento, passar
horas brincando de dominar
processos elaborados", diz.
Nos programas da inglesa, e
também em seus livros, a comida está em primeiro plano. Mas
há, porém, outros atores e a reprodução (que soa um tanto
falsa) dos encontros sociais e da
vida cotidiana, em família.
"Comida é o que dá sentido à
vida em comunidade. Talvez
soe pretensioso, mas eu acredito que a maneira como nós comemos é a forma mais autêntica de história social. E o jeito
como as receitas são transmitidas por gerações, e entre amigos, é a história da comunicação humana."
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