São Paulo, terça-feira, 15 de setembro de 2009

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Novo livro de Nigella reproduz fórmula da TV

"Comida é o que dá sentido à vida em comunidade", diz autora de "Nigella Bites"

Em entrevista à Folha, a apresentadora se esquiva de perguntas sobre seu sex-appeal, mas prega o prazer proporcionado pela comida

JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ela exala sensualidade, e quem a vê comendo sem parar e lambendo os dedos quase compulsivamente não tem dúvida de que, para ela, comida é sensual. Musa do "food porn", Nigella Lawson diz adorar a maneira como os sentidos se envolvem no ato de cozinhar.
É essa estimulação constante dos sentidos que a apresentadora e escritora reproduz em "Nigella Bites" (R$ 80; 256 págs.), recém-lançado pela Ediouro. O livro se assemelha ao programa de TV homônimo não só pelo nome mas também pela forma e pelo conteúdo.
Em entrevista à Folha, Nigella desconversa quando o assunto é seu sex-appeal. Fica à vontade e dá longas respostas às perguntas sobre... comida.
Na era do não-coma-isso porque faz mal à saúde, não-coma-aquilo porque engorda, Nigella vai contracorrente. Prega o prazer proporcionado pela comida e não tem o menor pudor em recomendar: use "o creme de leite com mais alto teor de gordura que encontrar". Estaria o mundo ficando muito chato e cheio de proibições?
"As pessoas estão muito ansiosas para demonizar certos alimentos e venerar outros, com a ilusão de que podemos atingir a imortalidade. Acredito num ditado francês que diz "tudo com moderação, até mesmo a moderação". Evidentemente não como um bolo de chocolate inteiro ou um litro de creme todos os dias, mas também não quero uma vida que exclua a manteiga, o chocolate, o bacon, o creme e tudo que é considerado ruim", diz.
"Amo muito comida para comer só o suficiente. Não sou boa em obediência nem em privação. Por isso, se me dizem que não devo comer algo, isto é tudo o que eu quero comer."

Simplicidade
Nigella atribui ao fato de não ser chef, e sim uma cozinheira doméstica, a simplicidade dos pratos que ensina -ainda que pareçam elaborados e difíceis.
"Não tenho destreza para cozinhar de maneira complicada. Nem tenho tempo. Trabalho, tenho filhos e, embora parte do meu "trabalho" seja escrever sobre comida, simplesmente não se encaixa em minha vida, ou no meu temperamento, passar horas brincando de dominar processos elaborados", diz.
Nos programas da inglesa, e também em seus livros, a comida está em primeiro plano. Mas há, porém, outros atores e a reprodução (que soa um tanto falsa) dos encontros sociais e da vida cotidiana, em família.
"Comida é o que dá sentido à vida em comunidade. Talvez soe pretensioso, mas eu acredito que a maneira como nós comemos é a forma mais autêntica de história social. E o jeito como as receitas são transmitidas por gerações, e entre amigos, é a história da comunicação humana."


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